Na posse, Lula diz para Gonet não se submeter a ‘manchetes’

Em discurso crítico à atuação do Ministério Público no passado, Lula defendeu a “política” e declarou que “acusações levianas” não fortalecem a democracia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aconselhou o novo procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, durante a posse nesta segunda-feira (18), a não se submeter a “manchetes” de jornais. Em discurso crítico à atuação do Ministério Público no passado, Lula defendeu a “política” e declarou que “acusações levianas” não fortalecem a democracia. 

 “Um procurador não pode se submeter a um presidente da República. Não pode se submeter a um presidente da Câmara, não pode se submeter a um presidente do Senado, não pode se submeter à presidência de outros poderes, mas também não pode se submeter a manchete de nenhum jornal, e nenhuma manchete de um canal de televisão”, alegou o petista. 

O presidente afirmou ainda que “houve um momento” em que “denúncias das manchetes” ganhavam mais destaque que os autos dos processos e que isso prejudicou pessoas que depois foram inocentadas pela Justiça. 

“Houve um momento em que aqui neste país as denúncias das manchetes de jornal falaram mais alto do que os autos dos processos, muitas vezes. E quando isso acontece, se negando a política, o que vem depois é sempre pior do que a política. Não existe possibilidade de um Ministério Público achar que todo político é corrupto”, disse. 

O presidente afirmou que, quando uma denúncia é publicizada, já se pensa que o político envolvido é corrupto: “Ou seja, que é um conceito que se criou na sociedade brasileira que qualquer denúncia contra qualquer político já se parte do pressuposto que ela é verdadeira, e nem sempre é”. O petista fez referência indireta à operação Lava Jato, que este ano completou 9 anos. 

Na operação Lava Jato, Lula foi um dos principais acusados nas investigações em 2014 com uma operação da Polícia Federal. O presidente foi condenado por várias instâncias da Justiça, passou 580 dias preso na carceragem da PF em Curitiba, conseguiu anular processos e foi reeleito.