Lula quer presunção de inocência de general, e punição por trama mortal
Presidente comparou caso de Braga Netto à sua condenação por corrupção na Lava Jato, que foi anulada
Ao ter anunciada, neste domingo (15) sua alta hospitalar após cirurgia emergencial para drenar hematoma de seu crânio, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), declarou que o general Walter Braga Netto (PL) tem direito à presunção da inocência que ele afirma não ter tido direito, ao ser condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro, em 2018, no âmbito da Operação Lava Jato.
O general e ex-ministro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso ontem (14), acusado de obstruir a investigação sobre a trama de golpe que teria planejado matar Lula, seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Na mesma fala, o presidente defendeu punição severa, se for constatada culpa dos investigados.
“Vou demonstrar para vocês que eu tenho mais paciência e sou democrático. Eu acho que ele [Braga Netto] tem todo direito à presunção da inocência. O que eu não tive, eu quero que eles tenham. Todo direito e todo respeito para que a lei seja cumprida. Mas se esses caras fizeram o que tentaram fazer, eles terão que ser punidos severamente. Esse país tem gente que fez 10% do que eles fizeram e foram mortos na cadeia”, disse Lula.
Braga Netto foi preso sob a justificativa da PF, acatada pelo ministro Alexandre Moraes, de que o general tentou obter dados sigilosos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Além de ter financiado pessoalmente a trama, segundo o delator.
“Não é possível a gente admitir que, num país generoso como o Brasil, a gente tenha gente de alta graduação militar tramando a morte de um presidente da República, tramando a morte do seu vice, e tramando a morte de um juiz que era presidente da Suprema Corte Eleitoral”, concluiu Lula.
Ontem, a defesa do general Braga Netto divulgou nota em que afirmou que comprovará que o ex-ministro da Defesa não obstruiu as investigações. E Bolsonaro, rival de Lula, questionou o argumento central da determinação da prisão preventiva do oficial da reserva do Exército: “Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, perguntou o ex-presidente.