Lira indica diretor de ONG à vaga de primo no Incra de Alagoas

Junior Rodrigues do Nascimento dirige organização que dá suporte a assentados e firmou cooperação técnica com Incra, em março

A troca de cargos que gerou uma turbulenta crise na cúpula do governo Lula (PT) e do Congresso Nacional avançou neste início de semana na paróquia eleitoral do presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP-AL). O ex-aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou o diretor-presidente da ONG Naturagro, Junior Rodrigues do Nascimento, para substituir seu primo Wilson Cesar de Lira Santos, demitido sem aviso pelo governo petista, na semana passada.

O indicado comanda a ONG sediada na capital alagoana e que, em março, assinou, junto ao parente de Lira, um acordo de cooperação técnica com o Incra de Alagoas, para dar assistência técnica para famílias de assentados da reforma agrária obter créditos. E seu nome segue para apreciação da Casa Civil do governo de Lula, que avaliará seu histórico junto a Justiça, antes de oficializá-lo no cargo.

Wilson César de Lira Santos ao lado do seu primo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). (Foto: Reprodução/Instagram).

Pressão antiga

A demissão do primo de Lira levou o presidente da Câmara a intensificar seu embate com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, confrontado publicamente no início deste mês de abril, chamado de “desafeto” e “incompetente”. A crise ampliada no dia 16 com a demissão do primo de Lira levou ministros como Rui Costa, da Casa Civil, e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, a atuar junto ao presidente da Câmara, para amenizar as consequências do desgaste.

Mas não evitaram que Lira prometesse a lideres políticos da Câmara a liberação de uma “pauta bomba” que pode causar danos bilionários e políticos ao governo de Lula.

Mas a queda de Cesár Lira, que estava no cargo desde o governo de Bolsonaro, já era apoiada pelo Partido dos Trabalhadores há cerca de um ano, quando cerca de 1.500 integrantes de movimentos de trabalhadores sem terra invadiram e ocuparam a sede da Superintendência do Incra em Alagoas, no Centro de Maceió.

À época, o presidente do Partido dos Trabalhadores na capital alagoana, Marcelo Nascimento, declarou que as pressões políticas sobre o governo de Lula são “formas legítimas e democráticas” de retirar bolsonaristas declarados do comando do órgão federal responsável pela reforma agrária no Brasil.