Deltan: Brasil é oficialmente paraíso da corrupção, ao ajudar Odebrecht

Ex-coordenador da Lava Jato condena decisão do STF autorizar empreiteira a não pagar R$ 3,8 bi de acordo em que confessou corrupão

O ex-coordenador da Operação Lava Jato e ex-deputado federal, Deltan Dallagnol (Podemos-PR), concluiu que o Brasil é oficialmente o paraíso da corrupção, ao criticou, nesta quinta-feira (1º), a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de liberar a empreiteira Novonor, antiga Odebrecht, de realizar pagamentos de R$ 3,8 bilhões do acordo de leniência que a empresa firmou em 2016 com o Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Lava Jato.

Deltan reagiu, ao ser citado indiretamente na decisão do ministro que o aponta como integrante de um conluio entre acusação protagonizada pelo MPF e o então juiz da Lava Jato, o atual senador Sérgio Moro (União-PR), para obter o acordo da empresa rebatizada como Novonor, em 2016. Com a decisão, Toffoli impede o repasse de alcançar um montante de R$ 6,7 bilhões, ao final duas décadas, com correção monetária, mesmo após a empresa ter confessado ser operadora de corrupção em 49 contratos com o poder público, principalmente com a Petrobras, entre 2006 e 2014.

Em publicação em seu perfil da rede social X, antigo Twitter, Deltan ressaltou que o acordo de leniência da Odebrecht foi firmado em conjunto com autoridades do Brasil, dos Estados Unidos e da Suíça.

“A Odebrecht confessou crimes em todos esses países e admitiu ter pago subornos em mais de 10 países da América Latina. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos chamou o caso Odebrecht de ‘maior caso de suborno estrangeiro da história'”, disse o ex-integrante do MPF.

Deltan lembrou que a decisão do magistrado do STF atende ao pedido feito pela Novonor, em janeiro, para que Toffoli estendesse à empreiteira os benefícios que o ministro concedeu à J&F, em dezembro do ano passado, quando suspendeu uma multa de R$ 10,3 bilhões do acordo que a empresa dos irmãos Batista firmou com o MPF, na Operação Greenfield,

Toffoli já havia anulado provas da J&F, com base na conclusão de que houve conluio entre a acusação protagonizada pelo MPF e Moro. E repetiu a mesma argumentação, baseada em dados da Operação Spoofing, que revelou diálogos entre o senador e ex-juiz e procuradores da Lava Jato.