CPMI do 8 de Janeiro interroga hoje o general Heleno, que pode calar
Ex-chefe do GSI foi convocado após suposta delação de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro citar 'trama de golpe' com Forças Armadas
O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro (PL), general Augusto Heleno, depõe, nesta terça-feira (26), à CPMI do 8 de Janeiro, que investiga os ataques aos Poderes da República em Brasília, contra a eleição de Lula (PT). A partir das 9h, a comissão parlamentar mista de inquérito também votará requerimentos de convocação e de informações, mas o presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), já descartou votar pedido da oposição pela quebra de sigilo bancário d ex-presidente da República. A reunião ocorre no Plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado.
Ontem (25), o general acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para que não fosse obrigado a comparecer ao depoimento. Mas terá que ir ao depoimento, com direito a ficar em silêncio, na condição de testemunha, conforme decisão do ministro Cristiano Zanin.
Sua defesa reivindicava o direito de se autoincriminar. O argumento de seus advogados é de que ele deveria ser tratado como investigado, porque foi convocado para depor como testemunha, através de requerimentos de convocação que lhe direcionaram acusações.
O general já sinalizou que vai frustrar as expectativas de integrantes da CPMI sobre o que ele pensa a respeito da suposta reunião em que Bolsonaro teria pedido apoio das Forças Armadas a um presumido golpe contra a eleição de Lula (PT). Uma semana após ter negado participação em qualquer encontro para tramar um golpe de Estado no Brasil, o general disse à CNN Brasil que não falará sobre a suposta trama citada como ponto central da delação atribuída ao ex-ajudante de ordens da Presidência da República, tenente-coronel Mauro Cid.
“A delação do tenente-coronel Mauro Cid é sigilosa, ou seja, não é viável que seja de conhecimento de parte da imprensa. Como comentar sobre ela?”, disse Heleno, segundo a jornalista Basília Rodrigues.
O autor do requerimento para ouvir Augusto Heleno, senador Eduardo Girão (Novo-CE), destaca que o general, como chefe do GSI antes de 8 de janeiro, coordenou as atividades de segurança da Presidência da República e das atividades de inteligência, tendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) subordinada ao GSI.
Antecipando o que deve questionar a Heleno, Girão citou à Agência Câmara que a Abin expediu informes para os integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência, alertando com antecedência que as manifestações que destruíram as sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF), no 8 de Janeiro, poderiam “descambar para condutas ofensivas contra instituições da República”.