Moraes escolheu alvos e usou TSE como braço investigativo, diz Folha
Jornalista Glenn Greenwald revelou mais detalhes do uso 'fora do rito' de poderes do TSE pelo então presidente da Corte
O jornal Folha de S.Paulo publicou novos detalhes dos mais de 6 gigabytes de dados obtidos pelo jornalista Glenn Greenwald com mensagens e áudios de assessores próximos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, à época também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo o jornal, Moraes escolheu alvos para serem investigados pelo órgão de combate à desinformação do TSE e coordenava também a produção e edição de relatórios do órgão. As mensagens, diz o jornal, foram obtidas de forma legal e não são produto de vazamentos hackers. Um aparelho celular é o objeto da análise jornalística.
O material exposto gira em torno de conversas de auxiliares de Moraes no STF e no TSE; Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes no Supremo, Marco Antônio Vargas, juiz auxiliar de Moraes na presidência do TSE e Eduardo Tagliaferro, que era o chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação, órgão vinculado diretamente à presidência do TSE.
O setor de combate à desinformação do tribunal eleitoral foi “usado como braço investigativo do gabinete do ministro no Supremo”, diz o jornal, e revelam “fluxo fora do rito envolvendo os dois tribunais”. Esse material produzido a partir de pedidos feitos de maneira informal, através do WhatsApp, embasaram decisões do ministro do STF contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, aponta a Folha, no âmbito dos inquéritos das fake news, milícias digitais etc.
A matéria diz ainda que não havia informação oficial de que os relatórios foram solicitados a pelo ministro ou pelo seu gabinete em nenhum dos casos analisados. Em alguns casos o relatório era “de ordem” do juiz auxiliar do TSE, já em outros são produzidos a partir de “denúncia anônima”, aponta a Folha.