Violência nos estádios é tarefa de polícias locais, diz Dilma
Ministério da Justiça acabou programa que reduzia violência nos estádios
A presidenta Dilma Rousseff transferiu para as polícias locais a responsabilidade pelo combate à violência nos estádios, ao defender neste domingo uma obviedade: a instalação de “delegacias especializadas” nos estádios de futebol. Por meio do Twitter, ela comentou o enterro do corpo do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, de 26 anos, morto após partida entre o Santa Cruz e o Paraná, válida pelo Campeonato Brasileiro da Série B. Na sexta-feira (20), ele foi atingido por um vaso sanitário, jogado do alto da arquibancada, quando deixava o Estádio do Arruda, em Recife. Dilma não fez mais uma vez qualquer referência ao programa “Procedimento Operacional Padrão (POP)” concebido no Ministério da Justiça e engavetado pelo atual ministro José Eduardo Cardozo. O POP nasceu de um pedido do Ministério do Esporte, no início de 2010, após a violência sem controle ocorrida em Curitiba, por ocasião do rebaixamento do Coritiba para a Série B.
Diante da constatação de que o “País do futebol” não tinha padrões de segurança nos eventos esportivos, deliberou-se no próprio Ministério da Justiça, que, ao contrário do que sugeriu a mensagem de Dilma neste domingo, a União não pode limitar-se a segurança da Copa e deixar somente aos Estados o dia a dia dos eventos esportivos. Ficou também decidido que se deveria definir protocolos nacionais mínimos de segurança em 2010, testá-los nos campeonatos estaduais e nacionais em 2011, reajustá-los em 2012 e testá-los no evento internacional da Copa das Confederações de 2013. Mas tudo ficou no papel. Ou melhor, na gaveta do ministro Cardozo.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, chegou a convocar reuniões técnicas, com os mais experientes profissionais na área de segurança de eventos esportivos (bombeiros, policiais militares e civis de vários Estados), resuktando daí o documento denominado Procedimento Operacional Padrão (POP) para policiamento em eventos esportivos. O POP foi debatido com torcidas organizadas, CBF e com as diretorias dos clubes de futebol. Encerrada a fase de planejamento, criou-se a Câmara Técnica Permanente de Combate à Intolerância Esportiva (Portaria SENASP/MJ n. 13, de 27 de abril de 2010), que centralizou as informações, análises e procedimentos da segurança em eventos esportivos. A violência nos estádios chegou a registrar queda. Com a posse de José Eduardo Cardozo, a Câmara Técnica foi encerrada e se implodiu o POP.