Vexame internacional

Vira deboche vacina ‘100% nacional’ anunciada por Doria, mas criada nos EUA

Vexame foi provocado pela pressa de faturar politicamente, mas a vacina Versamune chegou primeiro na Anvisa

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Ao contrário do que afirma a propaganda do governo de São Paulo, com João Doria aparecendo na foto, a Butanvac não é "100% nacional" - Foto: governo de São PAulo.

Na pressa de faturar politicamente o anúncio da “primeira vacina 100% nacional” desenvolvida pelo Instituto Butantan, o governador de São Paulo, João Doria, acabou virando motivo de deboche nas redes sociais e na comunidade científica com o desmentido categórico dos verdadeiros desenvolvedores da tecnologia.

O hospital Mount Sinai, de Nova York, logo se manifestou sobre o assunto, informando que a “Butanvac”, vacina do Butantan, não é “100% brasileira”: sua pesquisa foi desenvolvida nos Estados Unidos.

O desmentido foi reafirmado pelo cientista Peter Palese, diretor de microbiologia do Instituto Icahn, da escola de Medicina do hospital.

O vexame pode ter sido provocado pelo estilo Doria de aproveitamento político da vacina, ao anunciar o imunizante após a farmacêutica Farmacore Biotecnologia haver registrado eletronicamente no site da Anvisa, às 13h23 de quinta-feira (25), o pedido de autorização para iniciar ensaios clínicos de sua vacina Versamune.

Pedido para ensaios clínicos da vacina Versamune:  um dia antes do Butantan.

Em Nova York, o cientista Peter Palese confirmou que a arquitetura científica da vacina foi criada nos Estados Unidos e licenciada de graça para o Instituto Butantan, pois os pesquisadores procuravam instituições com condições técnicas e tecnológicas para produzir o imunizante.

O acordo foi feito com instituições na Tailândia e Vietnã, onde já começaram os testes da fase 1 com cerca de 100 pessoas, sem efeitos adversos até agora.

Palese afirmou à TV CNN que estão sendo pesquisadas possíveis mudanças na vacina para lidar especificamente com a variante brasileira, com resultados nas próximas duas ou três semanas.

Em nota, o Instituto Butantan corrigiu a lorota inicial, afirmando que “a produção é 100% nacional”, e agora informa haver estabelecido parceria e tem “a licença de uso e exploração de parte da tecnologia desenvolvida pelo hospital Mount Sinai para obter o vírus”.

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