Zelada teve 'apoio do PMDB mineiro' para diretoria da Petrobras

Musa revelou que lobista se gabava por ter 'feito Zelada' diretor

Em sua delação, Eduardo Costa Vaz Musa, ex-gerente geral de Internacional da Petrobras, afirmou que o nome de Jorge Zelada foi indicado pelo lobista João Augusto Henriques para a diretoria Internacional da Petrobras, mas contava com 'apoio do PMDB mineiro'. Zelada também é réu da Lava Jato, acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e teve fortuna de mais de € 11,6 milhões (R$ 48 milhões) descoberta por investigadores em Mônaco.

João Augusto Henriques teve papel decisivo no cerco ao deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ). Ele revelou ter feito transferência de "um milhão e pouco de dólares" para uma conta no exterior. Segundo ele, a remessa foi feita para a conta de um filho do deputado peemedebista Fernando Diniz, de Minas, que já morreu. Henriques diz que "soube depois" que a conta era do presidente da Câmara.

O juiz federal Sérgio Moro, que conduziu a audiência na última sexta-feira, 30, perguntou a Eduardo Musa. "(Henriques) chegou a dar detalhes de como fez o Zelada?" Musa respondeu. "Não, que eu me lembre não. Eu conhecia o João Augusto de outros tempos de Petrobras. Fomos tomar um café. Ele foi mais detalhado e falou que tinha feito o diretor Zelada com apoio do PMDB. Ele disse que o PMDB estava cobrando muito o resultado e que ele (Henriques) estava com dificuldade, que era do interesse dele e da manutenção do diretor que essa contratação saísse."

A contratação a que Eduardo Musa se referiu no depoimento é relativa ao navio sonda Vantage, para águas profundas (três mil metros). Segundo ele, não houve licitação e, supostamente por decisão de Zelada, foi incluída a Vantage. O negócio rendeu propina de US$ 550 mil para Musa, conforme ele próprio admitiu.

O PMDB afirma que nunca autorizou ninguém a falar em nome do partido ou arrecadar valores de origem ilícita para a legenda. (AE)