Youssef diz que não pode confirmar dinheiro a Cunha
Doleiro diz apenas ter repassado valores pagos por empreiteira
O doleiro Alberto Youssef esclareceu nesta segunda-feira, 11, aos integrantes da CPI da Petrobrás que o ouvem em Curitiba, que não pode confirmar a remessa de dinheiro da OAS para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Recebi da OAS para que fosse entregue o recurso nesse endereço. Não sabia quem era morador dessa residência", disse Youssef aos parlamentares.
"Eu recebia o endereço, o local, a cidade e quem iria receber", disse Youssef ao argumentar que eram comum o procedimento de entregar sabendo o nome apenas do intermediário e não do destinatário final dos recursos desviados. Eduardo Cunha é um dos políticos investigados por suspeita de envolvimento com o esquema de desvios envolvendo contratos da Petrobrás. Ele nega ter qualquer ligação com o doleiro ou com o esquema.
Youssef repetiu que quem fez a entrega foi o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Sobre o depoimento de Careca, que implicou Cunha e Antonio Anastasia (PSDB), o doleiro disse não saber se é verdade. "Não tenho ideia. Não sei se ele inventou nomes, porque quem foi ao endereço foi ele."
Youssef foi confrontado pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que disse que o doleiro não estava sendo verdadeiro. Valente argumentou não ser possível ele lembrar de nomes de quem teria recebido pelo PT, citando a cunhada de João Vaccari, Marice, e não lembrar o nome do recipiente na casa de Cunha. "Deputado, alguns eu lembro, outros não lembro", respondeu Youssef.
Youssef disse não conhecer pessoalmente Cunha nem ter repassado diretamente recursos. O doleiro disse também não conhecer ou ter feito repasses diretamente ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele contudo, disse ter feito repasses para Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que seria o operador do PMDB no esquema.
O doleiro reafirmou com maior certeza repasses destinados a lideranças pepistas, como o ex-ministro Mário Negromonte, o senador Ciro Nogueira e o deputado Aguinaldo Ribeiro.
Nesta semana, integrantes da CPI da Petrobrás estão em Curitiba para realizar oitivas com 13 presos da Lava Jato. Estão previstos para esta segunda ainda os depoimentos do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, e o empresário Fernando Soares, o Fernando Baiano. Nesta terça, são aguardados os ex-deputados André Vargas e Luiz Argolo.