Vigília combate golpe em projeto sobre dívida de Estados

Órgãos denunciam efeitos do PLP 257 sobre instituições em AL

Convocados pelo Sindicato dos Servidores do Ministério Público Estadual de Alagoas (Simpeal) e a Associação do MP de Alagoas (Ampal) servidores, promotores e procuradores de Justiça realizaram uma vigília em frente à sede do órgão ministerial na tarde desta segunda-feira (1º), como forma de resistência ao Projeto de Lei Complementar da Presidência da República nº 257/2016, o PLP 257, que trata da renegociação da dívida dos Estados. 

O ato denunciou a tentativa de desmantelamento do sistema judicial e das instituições como o Ministéro Público e Defensoria Pública e do Judiciário. O que seria um golpe no combate à corrupção, como reforçou o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Sérgio Jucá. 

"Este é mais um projeto que tem como objetivo enfraquecer o Poder Judiciário. Tentaram com a PEC 37, mas vencemos após grande mobilização popular. Agora, vamos mais uma vez unir forças para que este projeto não seja aprovado. O maior prejudicado será a população, já que isso enfraqueceria o MP e o Poder Judiciário. Dessa forma, deixaremos de oferecer um serviço de excelência", denunciou o chefe do MP de Alagoas, durante a Vigília. 

Segundo as autoridades reunidas no ato, o PLP 257 vai atingir os orçamentos dos órgãos de fiscalização, obrigando-os ao contingenciamento de recursos de pessoal. Servidores comissionados e efetivos e até promotores, juízes e defensores podem ser demitidos Brasil afora, num claro desmonte das frentes que combatem o crime organizado e a corrupção. Eles acreditam ainda que também deixarão de acontecer concursos públicos e reajuste salarial para o funcionalismo público, além da possibilidade da criação de um programa de demissão voluntária para que as instituições se adequem às novas regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, caso o projeto seja aprovado, já que ele visa alterar dispositivos da LRF, como prevê o art. 14 do PLP 257.

“Estamos falando de um projeto que prevê a perda do direito adquirido, a estabilidade tão sonhada por aqueles que estudam e conseguem aprovação num concurso público. Isso é muito grave. Não dá para aprovar, em regime de urgência, uma proposta de lei que vai atingir a vida de inúmeras famílias. Na verdade, a sociedade será a maior prejudicada com esse projeto, haja vista que ela depende, potencialmente, dos serviços públicos. Se não há servidor para atendê-las em suas demandas com celeridade e eficiência, o Estado brasileiro para vai parar. Esse é o PLP do juízo final”, afirmou a promotora de Justiça Adilza Inácio de Freitas, presidente da Ampal.

A mobilização contou com o apoio de magistrados, defensores públicos, servidores do Legislativo e representantes do Ministério Público de Contas e da Seguridade Social, que acompanhou a sessão extraordinária do plenário da Câmara dos Deputados, na qual o projeto estava pautado. 

O chefe do Ministério Público de Contas de Alagoas, Rafael Alcântara, argumentou que as instituições ali mobilizadas empregam bem os recursos públicos e não fazem gastos supérfluos. "E vou mais além, se fizermos a soma dos salários dos membros e servidores que trabalham numa investigação, por exemplo, por três ou quatro meses, não se chega nem a 10% do que muitas vezes se consegue recuperar por meio do bloqueio de bens que o Ministério Público requer ao Poder Judiciário. Pelo contrário, somos órgãos que trabalham para recuperar a receita desviada dos cofres públicos, somos rentáveis à própria sociedade porque tentamos evitar mais desperdício de dinheiro em atos de improbidade administrativa e crime de corrupção. Por isso não faz sentindo algum um projeto de lei que quer asfixiar as instituições de fiscalização e controle”, defendeu Alcântara.