UE e Otan mostram preocupação com críticas de Trump à Europa

Bloco promete unidade frente a ceticismo do novo líder americano

A União Europeia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) rebateram nesta segunda-feira, 16, as duras críticas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que chamou a aliança atlântica de obsoleta e previu saída de novos países do bloco após o Brexit.

“A melhor resposta à entrevista do presidente americano é a unidade dos europeus”, disse o ministro francês, Jean-Marc Ayrault, ao chegar a esta reunião consagrada inicialmente à situação na Síria e ao Oriente Médio em geral.

A Otan, por sua vez, reiterou sua “confiança absoluta” no compromisso dos Estados Unidos com a Aliança Atlântica, apesar das críticas do próximo presidente americano, Donald Trump, que a classificou em uma entrevista de “obsoleta”.

“As declarações do presidente eleito Trump, que considera a Otan obsoleta, foram recebidas com preocupação”, disse o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier .

Para Steinmeier, as declarações de Trump entram “em contradição com o que o (próximo) secretário de Defesa americano disse durante sua audiência em Washington há apenas alguns dias”. “Veremos quais são as consequências para a política americana”, acrescentou.

Embora a reunião desta segunda-feira dos chanceleres europeus esteja dedicada à situação na Síria e no Oriente Médio, a entrevista do presidente eleito dos Estados Unidos aos jornais The Times e Bild pode “influenciar” na reunião, ante a agitação gerada em Bruxelas, disse.

“A Otan tem problemas, está obsoleta, em primeiro lugar porque foi criada há muitos e muitos anos”, e “porque não se ocupou do terrorismo”, disse Trump, embora tenha reconhecido que a Aliança Atlântica é “muito importante”.

UE. Trump avaliou na entrevista que o Brexit será “um sucesso” e anunciou que se reunirá rapidamente com a primeira-ministra britânica, Theresa May, que, segundo a imprensa britânica, defenderá na terça-feira um divórcio duro com a UE em um esperado discurso.

O impacto na Europa das palavras de Trump também passou por um apelo da Alemanha a ter confiança e não cair “em uma profunda depressão”, enquanto outros responsáveis, como o chanceler espanhol Alfondo Dastis ou o belga Didier Reynders, optaram por esperar para ver o que Trump fará quando entrar na Casa Branca.

As linhas de política externa esboçadas por Trump também apontavam contra dois pontos da diplomacia europeia: as sanções contra a Rússia do presidente Vladimir Putin e o acordo com Teerã sobre seu programa nuclear.

O próximo presidente americano, que mantém uma aparente proximidade com Putin, se referiu à possibilidade de um acordo de redução de armas nucleares em troca do levantamento das sanções impostas à Rússia por seu papel no conflito na Ucrânia.

Em relação ao acordo com o Irã, Trump não informou até agora o que pensa em fazer, embora durante a campanha eleitoral tenha prometido rompê-lo. O futuro secretário de Estado americano, Rex Tillerson, defendeu uma “revisão completa” do pacto.

“A UE continuará trabalhando pelo respeito e pela implementação deste acordo extremamente importante, sobretudo para nossa segurança”, respondeu a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, destacando avanços em sua aplicação, iniciada há um ano. (AE)