Silêncio de Renan após sentença de Lula expõe sua reeleição ameaçada
Senador não demonstra solidariedade com condenado
Exatamente uma semana depois de publicar vídeo defendendo que o ex-presidente Lula fosse inocentado pela Justiça e mantido na disputa pela Presidência da República, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) permanece calado desde a confirmação e ampliação da condenação do petista por corrupção e lavagem de dinheiro. Mas seu silêncio foi eloquente ao sinalizar o momento crítico por que sua própria campanha a reeleição deverá passar, se Lula for preso e ou ficar fora da disputa presidencial.
Nas palavras de Renan, divulgadas em vídeo do dia 18, a disputa eleitoral sem Lula fica “capenga”. Mas quem deve mancar mesmo é o senador, sem ter o petista servindo de muleta a sustentar o peso de seu desgaste político perante o eleitor, causado por mais de dez investigações relacionadas à Operação Lava Jato. Seu filho homônimo e governador de Alagoas, adotou a mesma retórica muda, apenas cinco meses depois de ciceronear em Alagoas, junto com o pai, a caravana do ex-presidente condenado e, agora, ficha suja.
Em silêncio, Renan talvez já não tenha tanta certeza de que a tormenta passará trazendo uma brisa que o leve na direção certa. Ou talvez já tenha voltado a abandonar o barco do Partido dos Trabalhadores, atingido pela dureza da decisão unânime do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que confirmou Lula como não merecedor de 9 anos e meio de cadeia por corrupção, e lavagem de dinheiro. Mas de 12 anos e um mês de prisão, com regime inicialmente fechado prestes a ser iniciado.
Fato é que um vendaval de denúncias ainda ameaça levar Renan à mesma rota cumprida pelos grandes poderosos do país envolvidos, como ele, nas tramas do petrolão. Por isso, o ex-presidente do Senado está à deriva dos acontecimentos pautados pelo funcionamento pleno das instituições. Suas aparições junto de Lula já não agradavam a boa parte da militância petista. E talvez agora Renan concorde que o interessante seja ficar longe.
Em Alagoas, Renan disputará mandato com o senador Benedito de Lira (PP-AL), que obteve mais votos do que o peemedebista em 2010, e talvez com o ministro dos Transportes Maurício Quintella Lessa (PR-AL). Além de ter que desafiar, talvez, o seu afilhado político e ministro do Turismo Marx Beltrão, que deve deixar o MDB temendo uma rasteira do cacique local.