Servidores acusam Caixa de 'venda casada' em recadastramento em AL

Recadastro obrigatório estaria incluindo serviços bancários

Diversas mensagens de alerta têm circulado nas redes sociais, sobre procedimentos de “venda casada” de produtos e serviços que estariam sendo atrelados ao recadastramento dos 80 mil servidores públicos do Estado de Alagoas, nas agências da Caixa Econômica Federal.

Segundo o relato de servidores, nas redes sociais e ouvidos pelo Diário do Poder, no momento da assinatura de papéis da conta-salário, funcionários da Caixa estariam apresentando documentos com opções já marcadas para adesão a uma “cesta de produtos”.

O agravante é de que os servidores estaduais não estariam sendo informados sobre o pacote de serviços como cartão adicional e cheque especial, que estariam aderindo ao assinar documentos para o recadastramento obrigatório.

Ao aderir aos serviços, inevitavelmente, o servidor desinformado autoriza a cobrança de tarifas descontadas nas contas que poderiam ser destinadas exclusivamente para o recebimento de salários, sem custos adicionais.

Ouça a mensagem de alerta que circula nas redes sociais:

Outra mensagem que circula via aplicativo WhatsApp é a seguinte: “Gostaria de comunicar a todos que prestem bem atenção na hora de fazer o recadastramento dos servidores públicos nas agências da CAIXA pois estão renovando junto alguns serviços bancários que são tarifados (cheque especial, CDC, seguro perda e roubo, cesta, entre outros ). Fiquem atentos! No contrato já vem selecionado como se vc estivesse aderindo a todos esses serviços”.

OUTRO LADO

O Diário do Poder procurou o Governo do Estado e a Caixa para que se manifestassem sobre a denúncia dos servidores públicos estaduais.

As secretarias da Fazenda e do Planejamento e Gestão de Alagoas encaminharam a seguinte nota: “A atualização cadastral não tem relação com a mudança do pacote de serviços. No ato da atualização, o servidor deve receber todas as informações necessárias dos atendentes da Caixa acerca das opções disponíveis e, assim, poder escolher o que preferir. Quanto à imposição ou não da alteração no pacote, realmente é preferível que busque informações com a assessoria da Caixa”.

Já a Caixa não confirmou nem negou a prática conhecida como “venda casada”, proibida pelo Banco Central. E enviou ao Diário do Poder a seguinte nota em que sequer se defende da grave acusação de ampliar receita com o recadastro de 80 mil servidores: “A Caixa Econômica Federal está recepcionando os servidores ativos, inativos e pensionistas que foram convocados pelo Governo do Estado de Alagoas para atualizarem seus dados cadastrais para regularização de sua conta salário, tendo em vista Resolução 3.402/2006 do Banco Central. O atendimento ocorrerá de 01/02/2017 a 15/03/2017 em toda a rede de Agências da Caixa no país”.

O que é fato é que os servidores públicos de Alagoas não merecem serem alvo de péssimas práticas de venda de produtos bancários, pois tiveram data-base desrespeitada pelo governador Renan Filho (PMDB) em 2016 e sequer obtiveram a reposição das perdas inflacionais em seus salários.