Réu da Taturana emplaca filho no governo de Renan Filho em Alagoas

Legado do pai rende a Arthur Albuquerque Secretaria do Trabalho

Uma semana depois de participar ativamente de uma articulação que impôs a derrota do projeto governador Renan Filho (PMDB) na eleição para o comando da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas (ALE), o deputado estadual Antônio Albuquerque (PTB) conseguiu emplacar o filho Arthur Albuquerque (PMDB) como futuro titular da Secretaria de Estado do Trabalho e Emprego (Sete).

Derrotado nas urnas no próprio reduto eleitoral de seu clã político, Arthur Albuquerque tem um irmão na Câmara Federal, Nivaldo Albuquerque (PRP-AL), e é filho do deputado conhecido pela sigla AA e, muito mais, por ter sido indiciado pela Polícia Federal (PF), como líder da quadrilha que desviou R$ 254 milhões dos cofres da ALE, no inquérito da Operação Taturana, deflagrada em 2007, quando presidia o Legislativo. E, há uma semana, teve reprovada sua ideia de voltar a presidir a ALE, na tentativa frustrada de duelar com o candidato do governo, Luiz Dantas (PMDB).

O histórico político passado e recente do patriarca do clã Albuquerque em Alagoas, aliado ao fato de Arthur Lira não ter conseguido se eleger prefeito em Limoeiro de Anadia, mesmo com o apoio do governador, faria a indicação para a pasta do Trabalho ter peso bastante negativo para o governo do PMDB. Porém, do outro lado da balança está a conselheira Rosa Albuquerque, que assumiu em janeiro a Presidência do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas (TC/AL).

A tia de Arthur e irmã de AA pode ser muito útil neste contexto, do ponto de vista do futuro político do filho do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Mas alguns deputados estaduais governistas já podem se sentir no direito de pedir mais espaço na gestão do Estado, ampliando as pressões políticas e afetando os rumos das apreciações de projetos do Executivo.

'POLÍTICA DE GRÊMIO'

Albuquerque já tinha a indicação da Agência de Defesa Agropecuária de Alagoas (Adeal) e recebeu o agrado, mesmo depois de agir em conjunto com um grupo de cerca de 12 deputados, que inviabilizou a chapa apoiada pelo governador Renan Filho e quase impediu a reeleição do presidente Luiz Dantas na Mesa da ALE.

Uma fonte da cúpula do PMDB disse ao Diário do Poder que a indicação de Arthur não passou pela análise do comportamento recente de Albuquerque, porque seria um acordo firmado “já há algum tempo”, para garantir a composição com o PTB, considerado um partido forte e importante para a reeleição em 2018.

Mas um deputado governista discorda que Renan Filho invista na construção de um “super deputado” em detrimento da base. Esse parlamentar desconfia de que o governador esteja desorientado, fazendo política de grêmio estudantil. E avalia que tal iniciativa pesará em uma eventual disputa com o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), daqui a um ano e meio.

“O AA vinha pressionando desde o ano passado. Agora com a eleição da irmã ganhou mais musculatura. Mas, politicamente, perdeu em casa e feio. Antes, Renan Filho só abria espaço para os deputados federais. Agora, foi aberta a temporada de caça para os deputados estaduais. Vão exigir o mesmo. É burrice. Vai afundar, se o Rui sair”, disse o deputado, ao Diário do Poder.