Renan Filho cogita nomear réu da 'Máfia do Lixo' em seu secretariado
Governador indica que quer Ciço disposto a assumir Esporte
O governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB) confirmou, nesta segunda-feira (13), os rumores de que analisa o nome do deputado federal Cícero Almeida, o Ciço (PMDB-AL), para comandar a secretaria de Esportes do Estado. Se confirmado no secretariado, Ciço será o segundo réu em ação penal a compor a equipe de governo de Renan Filho.
Derrotado na disputa contra a reeleição do prefeito Rui Palmeira (PSDB) quase quatro meses, Ciço é réu na ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF), que apura a chamada “Máfia do Lixo”, que gerou um prejuízo estimado em R$ 200 milhões em contratos de limpeza urbana durante sua administração do aliado do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na Prefeitura de Maceió, entre 2005 e 2012. Além disso, foi condenado em novembro de 2016 pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL) a ressarcir ao erário R$195.575,54, por empréstimo ilegal feito quando era deputado estadual.
Apesar de tratar Ciço como um “nome interessante” para ocupar a vaga da presidente do PCdoB de Alagoas Cláudia Petuba, Renan Filho demostrou dúvidas sobre a disposição do deputado em “trabalhar muito”, na eventual nova missão. Dúvida que não era cogitada quando o governador pedia votos para seu aliado encarar uma missão ainda mais árdua, que era a gestão da capital de Alagoas.
“Ele [Ciço] é uma figura experiente da política local. Foi prefeito de Maceió, conhece muito a capital. Sendo deputado, ele pode ajudar muito, viabilizando recursos e trazendo a experiência para acelerar e levar benefícios para a periferia e para cidades do interior. Mas preciso conversar com ele para ver se está a fim de trabalhar muito”, disse Renan filho, .
Uma eventual nomeação de Ciço para a pasta dos Esportes de Alagoas está longe de ser uma promoção na vida política do ex-prefeito e recordista de votos em Maceió. Não apenas porque o tiraria da Câmara Federal e abriria espaço para o suplente e também aliado de Renan Filho, Val Amélio (PRTB). Mas também porque poderia ter efeito contrário na tentativa de promoção de sua imagem para a improvável disputa por um novo mandato em 2018, na Câmara, ou na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), como o próprio Ciço cogitou, apesar de estar inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa.
RÉUS NO GOVERNO
Em janeiro de 2015, o pai da secretária ré, Washington Luiz Damasceno Freitas, era presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), e foi afastado da magistratura pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em julho de 2016, investigado por suspeitas de envolvimento em corrupção e casos de homicídio.
Três anos depois de se apresentar como o “novo” na política de Alagoas, expurgando de sua chapa partidos com réus e indiciados por crimes, o governador Renan Filho demonstra não mais levar em conta o passado de encrencas com a Justiça de seus aliados. E também abriu espaço em seu governo para a indicação do réu da Operação Taturana, deputado estadual Antonio Albuquerque (PTB), que já conta com seu filho, Arthur Albuquerque (PMDB), no comando da Secretaria do Trabalho e Emprego do Estado de Alagoas (Sete).
No STF, Ciço e testemunhas da Ação Penal nº 956 devem depor no dia 9 de março de 2017, às 14h. De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MP/AL), assinada pelo promotor Marcus Rômulo, Ciço teria cometido crimes na contratação emergencial da Limpel e da Viva Ambiental, com fraude R$ 15 milhões.