'Quem nega a política, nega a democracia' diz ex-presidente Lula
Em Lisboa, Lula tentou explicar os motivos das manifestações de junho
O ex-presidente Lula disse, nesta quarta-feira, 23, em Lisboa, que as manifestações ocorreram no Brasil por que a qualidade de vida da população melhorou tanto que ‘querer mais’ era inevitável . “No Brasil, a gente achava que estava tudo indo maravilhosamente bem e, de repente, o povo acorda e diz: ‘Nós queremos mais'”, afirmou Lula em discurso durante evento de apresentação do livro do ex-primeiro-ministro português José Sócrates.
Para uma plateia em que estavam os principais líderes do Partido Socialista português, ele afirmou: “Muitos de vocês foram pegos de surpresa com os movimentos sociais que aconteceram no mês de junho no Brasil. O País estava em ascensão, conseguimos que 32 milhões de pessoas saíssem da pobreza, foram criados 20 milhões de postos de trabalho, o número de alunos nas universidades subiu de 3,4 milhões para 7 milhões. Na medida em que o povo conseguiu estar na universidade, ter emprego, ter um automóvel, era natural que a população quisesse mais, que começasse a reivindicar melhorias na própria vida.”
Depois de enaltecer os feitos no cenário brasileiro, Lula criticou quem procurou negar os políticos nesses atos ocorridos nas ruas do País. “Mas as pessoas falavam contra a política. Temos que ter a coragem de dizer que fora da política não há democracia. Quem nega a política, nega a democracia”.
As frases foram ditas num discurso de meia hora na apresentação do livro A Consciência do Mundo – sobre a tortura em democracia -, o trabalho de mestrado de José Sócrates em que trata dos casos de tortura na França durante a guerra da Argélia e nos Estados Unidos na atualidade.