Prisão preventiva é ‘polêmica’ e é necessário ‘ouvir críticas’, diz Moro

Para juiz, o combate à corrupção deve extrapolar os limites do Judiciário

O juiz federal Sérgio Moro afirmou, nesta terça-feira, 24, durante o Fórum Estadão Mãos Limpas & Lava Jato, que a corrupção que o combate à ‘corrupção sistêmica’ não deve se fazer presente apenas no Judiciário. O magistrado ainda reconheceu que o instituto da prisão preventiva, utilizado de forma recorrente na Lava Jato, é ‘polêmico’ e que é necessário ‘ouvir críticas a respeito.

“Tanto na Itália quanto no Brasil se utilizou o recurso da prisão preventiva, e eu sei que ele é polêmico, sei que existem críticas, e nós temos que ouvir essas críticas”, diz.

“A legislação prevê esses recursos mais drásticos para interromper essas carreiras criminosas.”

O magistrado ainda ressaltou que ao combate à corrupção deve extrapolar os limites do Judiciário.

“Não se resolve a corrupção somente com processos judiciais. São importantes, a redução da impunidade é fundamental – porque se não têm resposta, a tendência é esses crimes crescerem – mas a redução pelos processos não é suficiente para reduzir a corrupção. (…) Precisamos superar a corrupção sistêmica não confiando somente nos processos. São necessárias reformas mais abrangentes”, afirma.

O magistrado saiu em defesa do instituto da delação premiada. “Aqui no Brasil foi feito largo uso da colaboração premiada. Temos esse instituto mais claro na legislação brasileira (do que na italiana). Não deixa de ter suas polêmicas mas, se bem utilizado, serve como recurso para revelar esses crimes. (…) Utilizar um criminoso contra o outro é uma técnica importante”, afirma Moro.

Mais cedo, o ex-juiz e procurador que conduziu a Operação Mãos Limpas Gherardo Colombo, relatou como as investigações na Itália sucumbiram à uma mudança da opinião pública a respeito da corrupção e explicou o um quadro de impunidade no país após os processos.

O magistrado responsável pela Lava Jato em primeira instância diz ter a Mãos Limpas como inspiração. Fico até ressentido com comentários de que a operação teria fracassado. Não é essa a minha avaliação, acho que é uma história de sucesso. Mas talvez se tenha esperado mais de uma operação judicial do que ela pode fazer”, afirma.

Moro ainda comparou o usou da delação premiada na Itália ao do Brasil. “Aqui no Brasil foi feito largo uso da colaboração premiada. Temos esse instituto mais claro na legislação brasileira (do que na italiana). Não deixa de ter suas polêmicas mas, se bem utilizado, serve como recurso para revelar esses crimes. (…) Utilizar um criminoso contra o outro é uma técnica importante”. (AE)