Presidente do TCU votou em processos de sócios do filho

Cedraz não se declarou impedido em processos ligados ao filho

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, ficou vulnerável a averiguação da corregedoria da Corte por votar em processos em que sócios do filho, Tiago Cedraz, figuraram como advogados de defesa das partes interessadas. Apesar do envolvimento, o ministro não se declarou impedido.

Ele participou de votação na 2ª Câmara do TCU, em 26 de agosto de 2014, na qual o advogado constituído nos autos era Thiago Groszewicz Brito, sócio com participação no capital da Cedraz Advogados, cujo controlador é Tiago Cedraz, filho do ministro. Em outra votação, mas no plenário do TCU, em 12 de novembro de 2014, ministro Aroldo Cedraz não se declarou impedido apesar de Valéria Bittar Elbel, também sócia do escritório do filho, figurasse como advogada no processo. A revelação é de reportagem de Vinícius Senise, do jornal O Globo.

Tiago Cedraz já apareceu três vezes em casos pertinente à Operação Lava Jato. Ele foi citado pelo policial federal "Careca", que trabalhava para o megadoleiro AlbertoYoussef, um dos principais alvos da investigação, e contou quue levou dinheiro vivo ao escritório de Cedraz, localizado numa mansão do Lago Sul, bairro de Brasília. Ele também foi mencionado nas negociações para a venda de uma refinearia da Petrobras em San Lorenzo, na Argentina, para um controvertido empresário local, com cláusula de sucesso de US$ 10 milhões com destinação que suscitou suspeitas. E, há dias, Tiago Cedraz foi delatado pelo dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, segundo fontes com acesso às investigações em curso no Supremo Tribunal Federal. Asuspeita é de venda de informações privilegiadas do TCU. Além disso, Tiago foi citado na Operação Voucher, da Polícia Federal, que investigou irregularidades no Ministério do Turismo.

Em julho de 2013, então vice-presidente do TCU, o miniostro Aroldo Cedraz listou 59 advogados em relação aos quais se declarava impedido de atuar, entre eles o filho e os oito sócios do filho na banca de advocacia.

Aroldo Cedraz deixou de se declarar impedido num terceiro processo, mas não votou, pois era presidente. Em todos os outros processos relacionados aos sócios do filho, o ministro declarou impedimento para atuar.

A assessoria de imprensa do TCU informou ao jornal O Globo que "os três processos encontram-se abrangidos pela declaração de impedimento apresentada pelo ministro em 2013". Diante da insistência em relação à ausência de registro nas atas sobre o impedimento de Cedraz, a assessoria informou que o sistema de informática do TCU não faz uma seleção automática de processos com impedimento e que, se o ministro votou, ele apenas seguiu o voto do relator, sem ter sido decisivo no resultado da votação.