PF reforça apuração de fatos que ligaram Renan a fraudes no Postalis

Buscas contra operador 'ligado a Renan' gera tensão em Alagoas

A realização de buscas e apreensões no âmbito da Operação Pausare, em Alagoas, levou apreensão a aliados e pessoas próximas do senador Renan Calheiros (MDB-AL), por causa da notícia de que Milton Oliveira Lyra é um dos alvos da Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (1º). O acusado de ser operador de propina para senadores do MDB é investigado no mesmo inquérito que apura se o ex-presidente do Senado foi beneficiado por fraudes no fundo de pensão os Correios, o Postalis.

O senador não é alvo desta operação, mas a ação visa robustecer a investigação que envolve fatos relacionados a inquérito que tramita contra Renan Calheiros, no Supremo Tribunal Federal (STF). E ocorre em São Paulo, no Distrito Federal, no Rio de Janeiro e em Alagoas.

A apreensão entre os aliados de Renan foi ampliada pela postura sigilosa da PF a respeito dos alvos da operação em Alagoas, e pela notícia de que o cumprimento de 100 mandados de busca e apreensão deve durar 48 horas. Além disso, há quase 50 mandados de condução coercitiva já autorizados pela Justiça.

Segundo os inquéritos nº 4.326 e nº 4.492, relatados pelo ministro Edson Fachin no STF, há evidências de que Milton Lyra exercia influência no Congresso Nacional, atuando como intermediário para o pagamento de propinas a Renan e outros senadores do MDB, Romero Jucá, Valdir Raupp e Edson Lobão.

Segundo fatos narrados por delatores como o senador cassado Delcídio do Amaral e do doleiro Alberto Youssef, o fundo Postalis teria comprado papéis de empresas de fachada que seriam geridas por Milton Lyra e Arthur Machado. Sendo que algumas destas operações consistiam na criação de empresas com o objetivo de emitir debêntures que seriam integralmente adquiridas pelo fundo Postalis. E esta dupla de investigados chegou a captar R$ 570 milhões de reais do fundo em investimentos que, como afirma o Ministério Público Federal, “nunca saíram do papel”.

Segundo o MPF, um montante de R$ 13,8 milhões de fundos de investimentos em que o Postalis é cotista foi pago a Milton Lyra, que é citado nos autos dos inquéritos como “muito ligado ao senador Renan Calheiros”.

O Diário do Poder tentou contato com a assessoria de imprensa de Renan Calheiros e aguarda um posicionamento do senador. E não conseguiu contato com Milton Lyra e com os demais citados nos inquéritos.

O inquérito nº 4.492, contra Renan Calheiros, está concluso ao relator Roberto Barroso, desde a última segunda-feira (29). Mas segue aberta a possibilidades de inclusão de fatos novos nos autos, a partir de provas coletadas no âmbito da Operação Pausare, sejam estes para confirmar ou negar os relatos de delatores e do MPF.