Pedro Corrêa desviou R$ 729 mil da Câmara com fantasma

Ele e a filha Aline nomearam empregada doméstica de assessor

O ex-deputado federal Pedro Corrêa (ex-PP-PE) e sua filha Aline Corrêa (PP-SP) foram acusados pelo desvio de R$ 729 mil da Câmara dos Deputados entre junho de 2003 e janeiro de 2015 por meio de uma funcionária fantasma e pelo recolhimento de um pedágio mensal de uma funcionária contratada como assessora parlamentar.

A força-tarefa da Operação Lava Jato, que denunciou criminalmente Corrêa, sua filha Aline e ex-assessores nesta quinta-feira, 14, sustenta que o ex-parlamentar desviou R$ 622 mil por meio da contratação de uma funcionária em 2003, de nome Renasci, que era a empregada doméstica de seu ex-assessor parlamentar Ivo Verno – também denunciado na Lava Jato.

Depois que perdeu o mandato em 2006 o esquema prosseguiu, desta vez no gabinete na filha, Aline Corrêa. Uma conta aberta em nome de Renasci era movimentada por Ivo Vernon.

Outra funcionária, de nome Vera Lucia, nomeada por Aline Corrêa, teve que devolver R$ 107 mil, para a família Corrêa entre setembro de 2012 e janeiro de 2015. A devolução era mensal, no valor de R$ 5 mil em troca da manutenção do emprego.

O procurador da República Paulo Roberto Galvão explicou que os valores eram cobrados da funcionária sob o argumento de que Corrêa já não tinha mais verba de representação para viagens e precisava custear suas passagens. Ele foi preso em 2013, após ser condenado no mensalão.

“Pedro Corrêa teve papel fundamental nesse esquema (alvo da Lava Jato), ele era líder partidário e recebeu recursos por ser responsável pela manutenção de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento da Petrobrás e pela distribuição dos recursos (de propina) dentro do partido”, afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol.

Pedro Corrêa foi denunciado por 280 atos de corrupção, 568 atos de lavagem de dinheiro e 123 atos de peculato. Os casos de desvios no Congresso dizem respeito às imputações de peculato. Ele não foi denunciado por organização criminosa porque o Supremo Tribunal Federal abriu procedimento específico sobre esse tipo de infração envolvendo o ex-deputado com outros políticos, ainda no exercício do mandato parlamentar.

Marcus Vinícius Bernardes, advogado de Pedro Corrêa, disse que o cliente vai prestar declarações “no momento oportuno, perante o juízo”. Segundo ele, o deputado “nega qualquer tipo de acusação contra ele.” (AE)