Para ONU, violações na Venezuela sugerem 'crimes contra humanidade'
Comissário pede investigação internacional contra governo ditador
O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Al Hussein, sugeriu que o governo de Nicolás Maduro pode ter cometido “crimes contra a humanidade”. Em um discurso na manhã desta segunda-feira, 11, em Genebra, o principal representante das Nações Unidas para direitos humanos atacou Caracas e pediu que se crie uma investigação internacional contra o governo venezuelano.
Essa é a primeira vez que um representante da ONU aponta para tal dimensão dos crimes cometidos na Venezuela. Hussein lembra que, em uma recente apuração realizada por seu escritório, o governo chavista foi acusado de “uso excessivo da força” e “várias outras violações de direitos humanos”.
“Minha investigação sugere a possibilidade de que crimes contra humanidade possam ter sido cometidos, o que apenas pode ser confirmado por uma investigação criminal subsequente”, disse ele.
Segundo Hussein, ainda que a ideia de uma Comissão Nacional da Verdade seja um conceito que ele apoie, o modelo proposto na Venezuela é "inadequado". "Peço ao Conselho de Direitos Humanos que instaure uma investigação internacional sobre as violações na Venezuela."
A recomendação será examinada pela entidade em Genebra. Contudo, Caracas promete reunir seus aliados para frear a proposta.
Para Hussein, existe “um perigo real de que as tensões sejam aprofundadas”. Ele acusa Maduro de estar “esmagando instituições democráticas e vozes críticas, inclusive por meio de processos criminais contra líderes da oposição, prisões arbitrárias e, em alguns casos, tortura”.
“A Venezuela é membro do Conselho e, como tal, tem um dever especial em promover e proteger os direitos humanos”, alertou.
O governo da Venezuela deve reagir ainda nesta segunda-feira ao discurso, por meio de uma intervenção do chanceler Jorge Arreaza. (AE)