Oposição quer explicações de embaixador e chanceler sobre ameaças

Os senadores foram visitar presos políticos perseguidos por Maduro

Um dia após chegar da viagem a Caracas (Venezuela) em que a comitiva de senadores brasileiros foi atacada por manifestantes pró-governo Nicolás Maduro, o presidente nacional do Democratas, José Agripino (RN), disse que a oposição convocará o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o embaixador do Brasil na Venezuela, Rui Pereira, na Comissão de Relações Exterior (CRE) do Senado para dar explicações sobre a omissão do país frente aos ataques.

Ainda de acordo com Agripino, os parlamentares pressionarão o governo brasileiro por um posicionamento sobre as ameaças sofridas pelos parlamentares em Caracas. O senador lembrou que, como integrante do Mercosul – bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai -, a Venezuela assumiu o dever de obedecer a manutenção do princípio democrático estabelecido pelo Tratado de Ushuaia, de 1998.

Na prática, isso significa que, como país membro do bloco, o Brasil tem legitimidade para, diante das denúncias de grave violação à cláusula democrática, apurar, ouvir, se inteirar do que ocorreu e, se for o caso, requerer ao Conselho do Mercado Comum a adoção de medidas contra o “Estado violador’. As sanções vão desde suspensão até expulsão definitiva da Venezuela no Mercosul. “A cláusula democrática não existe na Venezuela, por isso o país não tem o direito de participar do Mercosul. A presidente terá de fazer uma avaliação e deixar claro o que é mais importante: sua solidariedade ao bolivarianismo ou os interesse do Brasil e a autonomia do Congresso brasileiro”.

Agripino voltou a criticar a omissão dos governos venezuelano e brasileiro diante do fato. “Levanta-se a suspeita de que pode ter havido um ‘combinemos’ entre os dois governos, especialmente pelo comportamento do embaixador brasileiro, que apenas nos recebeu no desembarque e depois disse que voltaria para o embarque. Pergunto: qual a coisa mais importante para o embaixador do que receber oito senadores brasileiros, que estavam em missão diplomática em Caracas? Ele não precisava nos acompanhar à prisão, mas ao menos nos acompanhar em seu veículo oficial e preservar nossa segurança”.

Os oito senadores estavam em Caracas para visitar presos políticos perseguidos pelo regime de Maduro. Entretanto, para Agripino, os parlamentares participaram, sem saber, de uma “farsa” promovida pelos governos do Brasil e da Venezuela. “Farsa que ficou claríssima na hora em que chegamos. O objetivo do batedor da polícia é desobstruir as vias, ele tem autoridade para fazer isso, e não ficar passivamente parado aguardando que os manifestantes viessem agredir nosso veículo”.

Agripino voltou a narrar os momentos de tensão sofridos pelos senadores. “Se houvesse uma janela ou uma porta aberta, algum dos manifestantes poderia entrar no veículo e a violência contra nós poderia se instalar. Ou seja, em alguns momentos, a nossa segurança ficou em risco por conta da omissão  dos dois governos”, disse o senador.