?Obstrução selvagem? dificulta votação de manobra do governo

Sessão foi suspensa ontem após tumulto com manifestantes nas galerias

Após mais de doze horas de debates em Plenário, os parlamentares acabaram de aprovar o PLN 31/2014, que libera R$ 248 milhões para pagamento de benefícios do fundo Aerus, ligado a empresas aéreas, a aposentados e pensionistas. Com a apreciação do projeto, o Congresso Nacional poderá, finalmente, colocar em pauta o PLN 36/2014, que trata da revisão da meta de superávit primário.

Sob a ordem de fazer ?obstrução selvagem? para impedir a votação da revisão da meta de superávit primário, os partidos de oposição seguram até agora a votação no Congresso Nacional.

Além do PLN 31/2014, até agora foram apreciados dois vetos que trancavam a pauta. Um deles, o 28/2014, trata de projeto de lei que muda o nome do Instituto Federal Baiano para Instituto Federal Dois de Julho. O segundo, 29/2014, refere-se a um projeto de lei que altera o nome da barragem Boqueirão de Parelhas, localizada em Parelhas (RN), para Dr. Ulisses Bezerra Potiguar. Os dois vetos foram mantidos pelos parlamentares.

A proposta de alteração da meta de superávit enfrenta forte resistência da oposição devido a possível redução de investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e desonerações da meta de superávit. A votação da matéria também serviu a partidos aliados para chantagear o Planalto em troca de indicar cargos na futura equipe de Dilma.

Decreto da presidente Dilma publicado na última sexta (28), em edição extraordinária do ?Diário Oficial da União?, condicionou a liberação de recursos para emendas parlamentares à aprovação do decreto que revisa a meta de superávit primário para este ano.

A condicionante trata da liberação de R$ 10,032 bilhões – dos quais R$ 444 milhões são para emendas parlamentares individuais – do Orçamento prevista no decreto 8.367/14, da última sexta-feira.

Enquanto deputados e senadores discutiam as propostas no plenário da Câmara, pouco mais de 50 manifestantes ocuparam a chapelaria do prédio do Congresso na tarde desta quarta-feira (3), com apitos e faixas, na esperança de entrar para acompanhar as votações. Dezenas de policiais militares fizeram barreira para impedir o acesso ao interior do Parlamento.

Tumulto

Para evitar que se repitam os incidentes que levaram à suspensão da sessão ontem, a Polícia Militar foi acionada nesta quarta para impedir o acesso de manifestantes às galerias da Câmara, onde os parlamentares estão reunidos.

A confusão começou ontem após o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), acionar a Polícia Legislativa para retirar os manifestantes das galerias, à pedido da líder do PCdoB, Jandira Feghali (RJ). A deputada pediu a desocupação das galerias, acusando manifestantes de xingarem a senadora Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) de ?vagabunda?. A oposição alega os gritos clamavam ?vai para Cuba?.