Na terra da camorra, Papa diz que 'corrupção cheira mal'

Ele poderia estar se referindo ao Brasil, mas seu alvo era a máfia

O Papa Francisco fez este sábado um emocionado apelo aos napolitanos para lutarem contra a corrupção, “que cheira mal”, a “escravatura” do trabalho clandestino e o ódio contra os imigrantes. O apelo do Papa foi feito na cidade Camorra, a versão napolitana da máfia siciliana, mas bem que poderia ser no Brasil ou em qualquer outro lugar tomado pela corrupção. Francisco denunciou também o tráfico de droga e pediu aos mafiosos a “conversão ao amor e a justiça”.

Na cidade portuária situada a sul de Roma, uma das mais violentas de Itália, o Papa disse que “ainda é possível regressar a uma vida honesta”. “É isso que pedem as mães em lágrimas nas igrejas de Nápoles”, implorou Francisco frente a uma multidão de cem mil fiéis reunidos na praça do Plebiscito, no centro da cidade.

Terminada a missa, o Papa argentino exortou Nápoles a viver uma nova “primavera” para “um futuro melhor”, “sem se refugiar no passado”.

Horas antes, ao lado do cardeal de Nápoles, Crescenzio Sepe, Francisco percorreu as ruas da cidade no papamóvel em direcção a norte, para um primeiro encontro com fiéis, desta feita no bairro deprimido de Scampia, com os seus sinistros prédios de habitação social, muitos deles onde nem a policia se atreve a entrar.

“Como um animal morto cheira mal, a corrupção também cheira mal, a sociedade corrompida cheira mal, e um cristão que deixa entrar a corrupção dentro de si cheira mal”, lançou Francisco. “Todos nós temos a possibilidade de ser corrompidos e de resvalar para a delinquência.”