Mulher presa com oito armas é solta no mesmo dia, em Alagoas

POLICIAL IRONIZA, PEDINDO DESCULPAS POR PRENDER A BANDIDA

A libertação de uma mulher presa em flagrante com oito armas, na madrugada de sábado (12), na periferia de Maceió-AL, voltou a revoltar policiais militares responsáveis pela prisão. A guarnição retornou à casa de Maria Cícera Oliveira Lima, de 31 anos, no domingo (13), para registrar a situação e divulgar as críticas à legislação e ao Poder Judiciário. Mas o juiz responsável pela soltura disse ter cumprido a lei. 

No vídeo gravado no domingo, que circula nas redes sociais, os policiais abordam a mulher à porta de sua residência no conjunto Cleto Marques Luz, na parte alta de Maceió, e pedem para ela explicar sua presença de volta ao local do flagrante, onde ela guardava oito revólveres calibre 32 e 38.

O caso acontece menos de duas semanas após a repercussão de um vídeo que mostra um policial indignado com o relaxamento de outra prisão em flagrante, e decidindo dar carona na viatura policial ao preso por posse de drogas e violação da liberdade condicional.

Nas imagens, Maria Cícera confirma que obteve o direito à liberdade na Justiça: “Estou com meu alvará de soltura e não devo nada a ninguém”, responde a mulher, aos policiais militares.

Demonstrando irritação, os policiais ironizam, pedindo desculpas por a terem levado para a delegacia presa e constrangida. “Me desculpe, por ter vindo na casa da senhora, quebrado a porta da senhora, ter apreendido oito armas e ter levado a senhora constrangida até uma delegacia para um dia depois a senhora estar solta. Pelo amor de Deus!”, desabafa um dos policiais.

Assista ao vídeo:

TUDO DENTRO DA LEI

O juiz responsável pela libertação de Maria Cícera em uma audiência de custódia foi Ricardo Jorge Cavalcante Lima. Ele explicou que a mulher foi solta por ser ré primária, possuir bons antecedentes e ter endereço fixo e emprego fixo, em um matadouro.

Outro fator importante pela soltura foi o fato de ela ter apontado o nome de seu suposto namorado, que teria deixado as armas em sua residência, sem seu conhecimento. A decisão tomou como base um pedido do Ministério Público Estadual, com base na lei, segundo o magistrado.

“Ela nunca havia sido presa e tem bons antecedentes. Segundo o que ela apresentou, as armas seriam de um namorado, que as deixou na casa dela sem que ela soubesse. Ela disse de quem eram as armas, por isso soltei. Não fiz nada mais nada menos do que a lei estabelece. E o Ministério Público pediu isso com base na lei, no que está na legislação. Outras pessoas lá tinham antecedentes e ficaram presas”, explicou Ricardo Jorge Cavalcante Lima, em entrevista ao portal Gazetaweb.

VIROU ROTINA

No dia 1º deste mês de agosto, um vídeo se tornou viral nas redes sociais, no qual um policial expõe sua indignação ao ser orientado libertar um outro jovem, que debocha da situação e é levado para casa, de carona, pela mesma guarnição que o prendeu. O vídeo mostra o momento seguinte à prisão ocorrida cerca de um mês antes, de um reeducando identificado como Carlos, que foi levado até a delegacia da Central de Polícia do Farol para lavrar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por posse de drogas e constatação da quebra da medida cautelar, imposta pelo Judiciário, com uso de tornozeleira eletrônica. 

No vídeo divulgado no início do mês, o Cabo Bebeto narra ter sido orientado pelo delegado plantonista, Marcos Lins, a libertar o preso, porque, após exame de corpo de delito, o Centro de Operações Penitenciárias (Copen) contatou o policial para comunicá-lo de que não receberia o rapaz de volta ao sistema prisional.

Relembre: