MPF denuncia Vargas, Argôlo e Pedro Corrêa à Justiça

Também é acusada Aline Corrêa, filha de Pedro Corrêa

A força-tarefa da Operação Lava Jato denunciou criminalmente à Justiça Federal os ex-deputados Pedro Corrêa (PP/PE), Luiz Argôlo (SD/BA) e André Vargas (ex-PT/PR). São os primeiros políticos envolvidos no esquema de corrupção e propinas na Petrobrás formalmente denunciados pelo Ministério Público Federal. A filha de Pedro Corrêa, ex-deputada Aline Corrêa (PP-PE) também foi denunciada. Ao todo, 13 pessoas foram denunciadas.

“Hoje é um dia emblemático, porque fechamos um ciclo e entramos pela primeira vez no núcleo político do esquema com as denúncias do ex-deputados”, disse o procurador Deltan Dellagnol.

Dos 13 denunciados, 10 são acusados pela primeira vez – além dos quatro ex-deputados federais fazem parte da lista de denunciados 3 operadores financeiros e 6 pessoas ligadas aos políticos. Eles foram denunciados formalmente por corrupção (pena mínima de 2 anos de prisão e máxima de 12 anos), lavagem de dinheiro (mínima de 4 anos e máxima de 16 anos e 8 meses de prisão), organização criminosa (mínima de 3 anos e máxima de 13 anos e 4 meses de prisão) e peculato (mínima de 2 anos, máxima de 12 anos de prisão).

A denúncia contra André Vargas, ex-secretário de Comunicação do PT e ex-vice líder do partido na Câmara, sustenta que ele foi beneficiário de propinas no âmbito de dois contratos de publicidade – em agosto de 2008 e abril de 2014 – com a Caixa Econômica Federal que somaram R$ 968 milhões, incluindo aditivos, e em um contrato com o Ministério da Saúde, no valor de R$ 120 milhões, de 31 de dezembro de 2010.

Segundo o procurador Paulo Roberto Galvão, Luiz Argôlo passou a ser quase sócio nos negócios ilícitos e a ter favorecimentos nos repasses do PP. O ex-deputado foi denunciado pela prática de 10 atos de corrupção e 93 atos de peculato. Segundo a Procuradoria da República, Argôlo visitou 78 vezes o doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato. Pelo menos 40 viagens de Argôlo foram bancadas com recursos públicos da Câmara dos Deputados.

Rafael Ângulo foi denunciado pela primeira vez, por ter feito 3 entregas de valores a Argôlo.

Pedro Corrêa foi denunciado por 280 atos de corrupção, 568 atos de lavagem de dinheiro e 123 atos de peculato. Ele não foi denunciado por organização criminosa porque o Supremo Tribunal Federal abriu procedimento específico sobre esse tipo de infração envolvendo o ex-deputado com outros políticos, ainda no exercício do mandato parlamentar. A força-tarefa afirma também que Pedro Corrêa teve uma funcionária fantasma de nome Renasci. 

Corrêa, Argôlo e Vargas foram presos pela Polícia Federal no início de abril. No início desta semana, a PF concluiu os inquéritos sobre a conduta dos ex-parlamentares e os indiciou pelos crimes de corrupção, fraude a licitações, lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos. (AE)

VEJA QUEM SÃO OS DENUNCIADOS

André Vargas (ex-deputado)

Leon Vargas (irmão de André Vargas)

Milton Vargas (irmão de André Vargas)

Ricardo Hoffmann (publicitário)

Pedro Corrêa (ex-deputado)

Ivan Vernon (ex-assessor de Pedro Corrêa)

Márcia Danzi (nora de Pedro Corrêa)

Aline Corrêa (ex-deputada, filha de Pedro Corrêa)

Alberto Youssef (doleiro)

Rafael Ângulo (carregador de dinheiro de Youssef)

Fábio Corrêa (advogado, filho de Pedro Corrêa)

Luiz Argôlo (ex-deputado)

Carlos Alberto Costa (ex-funcionário de Pedro Corrêa)