Morte de macaco com febre amarela mobiliza autoridades em Maceió

Primata doente morreu em setembro entre hipermercados na Gruta

A confirmação de que um macaco saguim morreu, em setembro de 2016, infectado pelo vírus da febre amarela numa mata urbana da capital alagoana mobilizou o Centro de Controle de Zoonoses de Maceió (CCZ), que iniciou na manhã desta quarta-feira (29) o mapeamento e tentativa de isolamento de mosquitos Haemagogus e Sabethes, vetores da doença nas áreas rurais e silvestres.

A morte do macaco foi revelada ontem, pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), somente depois do resultado de um segundo exame nas amostras do animal. E o CCZ municipal iniciou o mapeamento dos insetos numa mata no bairro da Gruta de Lourdes, onde morreu o saguim.

O trabalho também vai chegar aos bairros do Ouro Preto, da Serraria e da Chã da Jaqueira, com armadilhas espalhadas em áreas de mata, para capturar e verificar se os mosquitos estão infectados.

“Vamos verificar se há a presença do mosquito infectado nestas áreas e, em seguida, definir a melhor estratégia de bloqueio. O mapeamento é importante porque permite que a gente concentre esforços na área que apresentar o transmissor da doença”, explicou Samy Ibrahim, coordenador do CCZ, em entrevista à Gazetaweb.

SEM PÂNICO

O Aedes aegypti também transmite a febre amarela na área urbana. Mas o biólogo do CCZ, Fernando Rocha, ressalta que os mosquitos Haemagogus e Sabethes, alvos das suspeitas de terem causado a morte do saguim, têm seu habitat na mata e não invadem residências.

Os primatas não são vetores da doença, mas considerados sentinelas, por não suportar os sintomas da doença e acabar morrendo, servindo para mapear onde há riscos de proliferação da febre amarela. Por isso, não se deve matar os animais.

“O mosquito [Haemagogus e Sabethes] se restringe às matas e os casos que estão acontecendo no Brasil são referentes às pessoas que vivem próximo a mata e precisam adentrar nelas por algum motivo. A população não deve ficar preocupada, pois esse caso foi algo pontual e não há outros casos em investigação”, tranquilizou Fernando Rocha.

O macaco morto foi encontrado atropelado na Avenida Fernandes Lima, entre dois hipermercados, Extra e Hiper Bompreço. As armadilhas feitas de algodão com odores de seres humanos  foram espalhadas na mata do Paraíso do Horto e 15 agentes e o biólogo do CCZ farão o monitoramento até sexta-feira (31), levando os mosquitos capturados para laboratório.

O secretário de Saúde de Alagoas, Christian Teixeira, se reunirá com representantes do Ministério da Saúde, em Brasília-DF, a quem pedirá medidas profiláticas necessárias para evitar a expansão do vírus para outras áreas de Maceió. Não há registro de febre amarela em humanos no território alagoano, segundo a Sesau, que reforça não haver motivo para pânico ou preocupação. 

"O secretário vai se reunir com a equipe do Ministério da Saúde para alinhar as providências que o caso requer, o que pode resultar no aumento do quantitativo de vacinas destinadas a Alagoas", diz um trecho da nota da Sesau.