Ministro da Agricultura vai aos EUA tentar liberar carne brasileira
Blairo Maggi vai usar política como ferramenta para reforçar elo
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, vai aos EUA tentar liberar a exportação da carne brasileira, usando o argumento de que, se os dois países de fato são parceiros importantes, um entendimento político precisa ser encontrado para permitir que o fluxo de bens seja mantido.
O governo confirmou que os encontros serão realizados na segunda-feira, em Washington, com a cúpula agrícola americana. Além de um debate técnico, o ministro também vai insistir que a liberação da importação passa também por uma decisão de cunho político por parte da Casa Branca.
No final de junho, o governo americano aplicou um embargo sobre a carne bovina brasileira, depois que controles reforçados apontaram para irregularidades causadas por inflamações nos produtos.
Para o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, não existem dúvidas de que a decisão americana de fechar o mercado para a carne bovina, há duas semanas, tem um componente "político".
Por isso, para reverter a decisão, o Brasil fará uma verdadeira ofensiva política. Nesta semana, serão três reuniões com os americanos. Duas em Genebra e uma entre as equipes técnicas na quinta-feira nos EUA. "O que vamos demonstrar é que não há risco para saúde pública", afirmou o secretário. "Esperamos que com isso possamos retomar o mercado americano", disse.
"Existe uma questão política", disse Novacki. "A questão política é a boa vontade de ver que o Brasil é um parceiro importante e que tenhamos uma via de mão dupla na relação", afirmou. O secretário admitiu que entende a pressão protecionista que o governo americano pode sofrer do setor privado. "Mas precisamos avaliar o interesse do país", disse.
"Existe sim um movimento protecionista. Mas queremos mostrar que somos parceiros importantes. Existem outras questões envolvidas", afirmou. Segundo ele, o que precisa ser perguntando é se o Brasil é mesmo um parceiro importante para os EUA. "Se a resposta for positiva, então precisamos aparar as arestas. Não é apenas uma discussão técnica. Do ponto de vista sanitária, não se justifica", insistiu.
Para tentar também convencer os americanos de que os controles serão aprimorados, ele conta que o Brasil adotou novas regras para a vacinação, que é suspeita de ter criado a inflamação registrada na carne. O governo também determinou que não se exporte mais peças inteiras, mas cortes. (AE)