Ministério Público pede suspeição de Gilmar por 200 reais em flores
Procuradores querem afastar ministro que tem decidido contra eles
A Procuradoria da República no Rio enviou nesta terça-feira (29), o terceiro pedido de suspeição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes ao procurador-geral, Rodrigo Janot. O objetivo é impedi-lo de julgar casos relativos ao empresário de ônibus do Rio Jacob Barata Filho. Os procuradores disseram que no dia 23 de novembro de 2015 Barata Filho enviou flores ao casal Gilmar e Guiomar Mendes, no valor de R$ 200,10, o que demonstra a "relação de intimidade", conforme dizem os procuradores, entre o ministro e o empresário.
Os procuradores dizem ter tomado conhecimento “nesta data” de uma mensagem eletrônica “que aponta para o íntimo relacionamento entre o acusado e o ministro”: a confirmação da compra de flores num site para o casal, entregue no endereço residencial deles, em Brasília. O ofício, que reproduz o e-mail de confirmação, o boleto de pagamento e o comprovante, mas não especifica qual o tipo de flor comprado.
Na semana passada, Janot pediu ao STF que declarasse a suspeição de Gilmar tanto com relação a Barata Filho quanto a Lélis Teixeira, também empresário do ramo, ambos investigados e presos pela operação Ponto Final da Polícia Federal. Ontem, a presidente da corte, ministra Cármen Lúcia, notificou o colega. Nos três pedidos, os procuradores sustentam que a proximidade de Gilmar e Barata Filho o impede de atuar.
Outro ponto que vem sendo apontado pelos procuradores é que Barata Filho é sócio de Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, cunhado de Gilmar, em uma empresa de transportes, e seu amigo. Argumentam ainda que Barata Filho e Gilmar têm um "advogado em comum", Rodrigo Mudrovitsch.
Os novos pedidos foram encaminhados após Gilmar conceder habeas corpus que soltou Barata Filho e Teixeira. Segundo as investigações, eles estão entre os cabeças do esquema de corrupção do ex-governador Sergio Cabral (PMDB) no setor de transportes do Estado. Cabral teria recebido R$144,7 milhões em propinas para agir em favor dessas empresas.