Marcelo Rebelo de Sousa avalia liderar ações contra mudanças climáticas
Presidente português segredou seu projeto ao 'Diário do Poder'
Lisboa – O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, vai avaliar se assume ou não liderança na cena mundial para enfrentar as alterações climáticas. Ele admitiu a possibilidade após questionamento da correspondente do Diário do Poder sobre os progressos modestos registrados até aqui para combater o problema. A afirmação foi feita durante jantar oferecido a jornalistas.
Caso a disposição se concretize, será preciso agilidade para que Portugal passe a exercer esse papel: o presidente francês Emmanuel Macron já convocou para dezembro uma reunião em Paris sobre o assunto.
Ao longo de 2017, o país sofreu os piores incêndios em suas florestas, que causaram mais de 100 mortes e deixaram rastros de destruição e danos nunca vistos, além atualmente enfrentar uma seca gravíssima. Desde outubro do ano passado, não houve um único mês em que uma parte de Portugal não sofresse com a falta de água. Há poucos dias, durante conferência na Web Summit, em Lisboa, o presidente português reafirmou apoio ao Acordo de Paris e criticou os políticos que renegam a realidade das alterações climáticas, afirmando que ela vai se impor.
Mas o que vem ocorrendo, não só Portugal como em todo o mundo, são medidas insuficientes para estancar os efeitos das alterações climáticas. Desde o Acordo de Paris, a situação vem apenas piorando. Não houve, por exemplo, estabilização ou decréscimo das emissões de CO2 (gás carbônico) para a atmosfera, mas sim um aumento de 2%. Esse fato foi reconhecido pelos representantes dos países que participaram da 23º Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, encerrada sexta passada em Bonn, Alemanha.
Estavam presentes 150 ministros e 15 mil cientistas. Foram assinados novos tratados, alianças e proferidas as melhores intenções. O Reino Unido e o Canadá formalizaram acordo para a saída do carvão, firmado por 25 países, Estados e cidades. Dos Estados Unidos, apenas Washington aderiu e a Alemanha ficou de fora. Digamos que tenha sido esboçado mais um manual de ações para concretizar questões importantes,como o financiamento anual de 100 milhões de dólares para apoiar países em desenvolvimento no enfrentamento do problema.
Orador na conferência, o secretário-geral da ONU, o português Antonio Guterres, advertiu que o mundo tem apenas cinco anos para implementar medidas para conter o aumento da temperatura do planeta nos 1,5 graus Celsius acima dos valores médios da época pré-industrial. Resta aguardar para ver se o Marcelo Rebelo de Sousa será o nome a liderar esse combate. Ele ainda tem mais dois anos garantidos de mandato.