Lobista pagou R$ 1,15 mi a Dirceu durante Mensalão

PF: Milton Pascowitch era ligação da diretoria de Serviços com PT

O lobista Milton Pascowitch, apontado como operador de propinas da empreiteira Engevix na Diretoria de Serviços da Petrobrás, foi preso preventivamente na manhã desta quinta-feira, 21, em nova fase da Operação Lava Jato. Pascowitch é dono da Jamp Engenheiros Associados, que, juntamente com a Engevix, pagou R$ 2,6 milhões entre 2008 e 2012 por serviços de consultoria prestados pelo ex-ministro José Dirceu, segundo valores informados pelo próprio petista.

O irmão de Milton, José Adolfo Pascowitch, foi levado coercitivamente para depor na Polícia Federal. Foram feitas busca e apreensão na casa dos irmãos e também na casa de Henry Hoyer de Carvalho. A PF deflagrou na manhã desta quinta a 13ª fase da Lava Jato, que tem como alvo fatos relacionados a dois operadores financeiros que atuavam junto a contratos firmados por empreiteiras com a Petrobrás. Estão sendo cumpridos oito mandados judiciais, quatro de busca e apreensão, um deles no município de Itanhandu/MG e os demais no Rio de Janeiro (1) e São Paulo (2).

Dez lobistas são apontados como operadores de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobrás e desbaratado pela Operação Lava Jato. Os nomes foram indicados pelo ex-gerente executivo Pedro Barusco, braço direito do ex-diretor de Serviços da empresa Renato Duque, em sua delação premiada.

Barusco citou os nomes de Mario Góes, Zwi Zcorniky, Guilherme Esteves de Jesus, Milton Pascowitch, Shinko Nakandakari, Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva, Atan de Azevedo Barbosa, Bernardo Freiburghaus, Augusto Amorim Costa, Cesar Roberto Santos Oliveira e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, como “autênticos representantes dos interesses das empresas corruptoras nos pagamentos das vantagens indevidas”, com os quais ele fez transações e manteve contato.

O ex-gerente apontou Pascowitch como operador financeiro da empresa Engevix e do Estaleiro Rio Grande, efetuando transferências de offshore para contas do ex-gerente. Pascowitch se identificou como representante da Engevix, e entrou 60 vezes na Petrobrás.  Os dez lobistas visitaram a estatal petrolífera pelo menos 1.800 vezes entre 2000 e 2014.

Henry Hoyer de Carvalho, identificado como Henry pelo doleiro Alberto Youssef, personagem central da Lava Jato, em depoimento à Justiça Federal, é sócio em duas empresas e já foi assessor do ex-senador Ney Suassuna (PSL-PB).

Seu nome também havia sido identificado pela Polícia Federal nas agendas do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa antes do depoimento de Youssef. “Reunião com Maurício e Henry 6/9/12”, anotou Costa em uma agenda de 2012 e 2013 apreendida na Lava Jato.

Consultorias. O contrato entre a empresa de José Dirceu e a Jamp Engenheiros Associados, de Milton Pascowitch, não especifica a Engevix Engenharia como beneficiária da consultoria prestada pelo ex-ministro. Em resposta enviada ao Estado sobre os serviços realizados, em março, Dirceu afirmou que um contrato de R$ 1,5 milhão assinado com a Jamp era referente aos serviços de consultoria internacional prestados para a construtora Engevix Engenharia, em Cuba e no Peru.

Para os investigadores da Lava Jato, a Jamp era uma empresa de fachada de Pascowitch usada para esquentar o dinheiro da propina. Pascowitch seria um abridor de portas na estatal, graças aos seus contatos com membros do PT, entre eles o ex- tesoureiro do partido João Vaccari Neto. (PF)