Júri condena réus a mais de 30 anos por matar vereador em Alagoas
Réus impediram Luiz Ferreira de denunciar então prefeita Sânia
Quase seis anos após o vereador de Anadia, Luiz Ferreira de Souza (PPS) ser trucidado em uma trama política atribuída à então prefeita Sânia Tereza Palmeira Barros, três réus foram condenados, na noite dessa sexta-feira (17), a mais de 30 anos de prisão pelo Tribunal do Júri. Alessander Ferreira Leal, Tiago dos Santos Campos e Everton Santos de Almeida conheceram suas sentenças por associação criminosa e homicídio qualificado, pela participação em um dos crimes políticos de maior repercussão da última década em Alagoas.
Ao final do segundo dia de julgamento, Alessander Leal, à época casado com a ex-prefeita Sânia, recebeu a pena de 32 anos, sete meses e 15 dias de detenção, pela acusação de comandar e coordenar o crime. Tiago Campos, que dirigia o carro que interceptou o da vítima, foi condenado a 30 anos, dez meses e 20 dias de prisão. E Everton de Almeida, acusado de apoiar a ação no interior do veículo, teve pena fixada em 32 anos, três meses e 15 dias.
Luiz Ferreira foi executado em 3 de setembro de 2011, com 13 tiros, na estrada de acesso ao município alagoano, após conceder entrevista em uma rádio do município vizinho de Maribondo. O Ministério Público Estadual defendeu que o crime foi motivado por denúncias de desvios de recursos que Luiz Ferreira faria contra a prefeita eleita pelo PT, sua ex-aliada e adversária de sua pré-candidatura a prefeito, anunciada na entrevista do dia do crime.
“O Luiz iria denunciar todo o desvio que vinha acontecendo e a situação de enriquecimento ilícito da Sânia. Tinha descoberto falcatruas da prefeita. E para não deixar isso continuar acontecendo, só matando ele. Um crime político. Não tenho dúvidas disso. Eu não tive [dúvidas] na hora que recebi a notícia. Eu aponto a ex-prefeita da cidade e o marido. Ele foi morto por não compactuar com as falcatruas de uma Prefeitura totalmente dominada por bandidos”, declarou Rita Namé.
Durante o julgamento, o advogado do réu chegou a defender que os réus foram induzidos a confessar. E que o advogado de ambos, à época, teria criado a história relatada. O trio pode recorrer da sentença, mas deixaram o julgamento direto de volta à prisão.
Quem conduziu o júri popular foi o juiz Geraldo Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital. E Sânia Barros, Adailton Ferreira e Wallemberg da Silva, demais acusados de participar do crime, recorreram de sentença de pronúncia e aguardam julgamento do recurso pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), cujo Pleno será responsável por julgar a ex-prefeita de Anadia, por causa da prerrogativa de foro.