Juiz aceita mais uma denúncia e ex-governador vira réu pela sexta vez
Ele é acusado de movimentar dinheiro roubado para o exterior
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro aceitou nesta quarta-feira, 8, a sexta denúncia contra o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) e seu grupo feita pela Lava Jato. Com isso, o peemedebista e outros seis investigados, incluindo o doleiro Vinícius Claret, conhecido como "Juca Bala" e seu sócio Claudio Souza, ambos presos na última sexta-feira, 3 no Uruguai a pedido a Procuradoria-Geral da República.
A denúncia é um desdobramento das operações Eficiência – que apontou que o esquema do ex-governador teria movimentado US$ 100 milhões no exterior – e Hic et Ubique, que levou à prisão dos doleiros no Uruguai.
A acusação abrange a complexa rede utilizada pelo grupo do peemedebista, acusado de cobrar 5% de propinas nas grandes obras do governo do Rio durante a gestão Cabral (2007 a 2014), para lavar dinheiro de propina no exterior.
"Os conjuntos de atos de lavagem de dinheiro narrados tinham por objetivo converter os recursos de propina em ativos de aparência lícita e/ou distanciar ainda mais de sua origem ilícita o dinheiro derivado de crimes de corrupção praticados pela organização criminosa", assinala a Procuradoria da República na acusação.
Segundo o MPF, após a celebração dos acordos de colaboração premiada, foi possível revelar como Cabral e sua organização criminosa teriam ocultado e lavado:
1) R$ 39.757.947,69 movimentados e guardados no Brasil;
2) US$ 100.160.304,90 (depositados em dinheiro em contas no exterior;
3) € 1.214.026,13 ocultados sob a forma de diamantes, guardados em cofre no exterior;
4) US$ 1.054.989,90, ocultados sob a forma de diamantes, guardados em cofre no exterior e;
5) USD 247.950,00, ocultados sob a forma de quatro quilos e meio de ouro, guardados em cofre no exterior.
A denúncia desta quarta abrange, especificamente, os crimes envolvendo a movimentação dos recursos ilícitos no exterior, incluindo a evasão de divisas do grupo criminoso por meio de operações dólar-cabo, expediente utilizado por operadores do mercado negro para remeter recursos para o exterior sem passar pela fiscalização das autoridades bancárias.
As investigações apontam ainda que Sérgio Cabral, seu ex-secretário Wilson Carlos, seu ex-assessor Carlos Miranda e os colaboradores mantiveram depósitos clandestinos em contas no exterior e lavaram dinheiro de quatro formas: com a manutenção de depósitos em nome de terceiros; com o pagamento de joia no exterior; com a compra de ouro e diamantes no exterior; com a transferência bancária para parentes de Carlos Miranda. Para a envio de recursos ao exterior, contaram com o apoio dos doleiros Vinícius Claret e Claudio Souza.
Com o acordo já foi possível repatriar US$ 85.383.233,61 provenientes das contas Winchester Development SA, Prosperity Fund SPC Obo Globum, Andrews Development SA, Bendigo Enterprises Limited e Fundo FreeFly em nome dos irmãos Chebar. Os recursos encontram-se depositados em conta judicial na Caixa Econômica Federal.
Atualmente o ex-governador está preso preventivamente em Bangu 8 e já responde a outras quatro ações penais na Justiça Federal no Rio e a uma na Justiça Federal no Paraná, todas desdobramentos da Lava Jato.