Imprevisibilidade e ausência de Lula marcarão as eleições de 2018
Debate na FGV concluiu que o pleito será o mais imprevisível
A certeza da imprevisibilidade das eleições de 2018 emergiu do debate promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) de Brasília, na noite de segunda-feira (12), que teve como pontos centrais a dinâmica das candidaturas presidenciais e das articulações de alianças; o efeito das novas regras eleitorais, com campanha mais curta e sem financiamento empresarial; a distância entre o que o eleitor quer ouvir e o que os políticos têm a oferecer; além do prognóstico das eleições presidenciais sem o ex-presidente Lula, cuja inelegibilidade é considerada uma das poucas certezas do pleito.
O evento intitulado “Perspectivas das eleições 2018” integrou o 1º Fórum de Educação Executiva, com a participação do Congresso em Foco. E os debatedores expuseram como certeza o prognóstico de que a disputa eleitoral será a mais imprevisível desde a redemocratização do país. E a falta de chances de o cenário eleitoral tirar o Brasil de uma de suas maiores crises política, social e econômica.
Para o editor-executivo do Congresso em Foco, Edson Sardinha, o ex-presidente Lula será protagonista desta eleição. Ao apresentar um quadro com os pontos fortes e fracos dos principais pré-candidatos , ele também reconheceu que o cenário atual mostra um PT completamente fragilizado.
“Se [Lula] participar, deve ir para o segundo turno. Se ficar de fora, terá de transferir votos. Mas será que estará solto para transferir votos? Como ele poderá transferir votos se estiver preso? A eleição será um grande teste para Lula. Ele não está mais na situação confortável de quem tinha altos índices de aprovação popular, a máquina administrativa nas mãos e vinha de um cenário econômico favorável como foi na eleição de Dilma”, disse Sardinha.
LULA INELEGÍVEL
A complexidade imposta pelo calendário eleitoral de 2018 às articulações políticas e à projeção do quadro eleitoral foi tratada pelo Presidente do Comitê de Análise de Conjuntura Política da American Chamber of Commerce (AMCHAM/DF) e da Sempel, empresa de relações governamentais, Guilherme Farhat. Ele apontou o populismo das candidaturas de esquerda e direita como fator de risco para o oferecimento ao eleitor de soluções simplistas para problemas complexos, sobretudo nas áreas da economia e da segurança pública.
O poder da caneta de Temer, mesmo com aprovação popular próxima de zero, foi apontado por Farhat como potencial ponto de desequilíbrio no jogo eleitoral. “O governo é como aquela namorada que a pessoa não quer apresentar para a família”, comparou.
Na pauta dos discursos dos candidatos estarão três pautas fundamentais, na opinião do diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz: o bem-estar social, a ser praticado pela esquerda; o liberal fiscal, do centro e da centro-direita; e o Estado penal, da direita radical de Jair Bolsonaro (PSL).
O diretor do Diap ainda apresentou como prognóstico o cenário de baixa renovação no Congresso, mesmo diante do clamor popular para além da mudança de rostos, mas de práticas políticas. “Os parlamentares criaram regras que favorecem as suas reeleições, como a campanha mais curta e o horário eleitoral reduzido”, afirmou. (Com informações do Congresso em Foco)