Hugo Motta questiona Catta Preta e afirma que depoimento está mantido

Deputado diz que Catta Preta pode dizer na CPI quem a ameaça

O presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB) concedeu uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (31) para comentar as declarações da advogada Beatriz Catta Preta.

Motta disse que a Comissão abre espaço para que a advogada aponte o autor da ameaça, “Catta Preta tem que esclarecer quem está ameaçando a sua família. Tem que ir à Polícia Federal, polícia do estado. A CPI quer saber quem está ameaçando. A CPI não ameaça ninguém”.

O deputado também afirmou que estranha o fato da criminalista ter declarado que está sendo ameaçada e não apresentar nenhum fato concreto, “Isso leva a questionamentos de que ela usa a vitimização para não explicar a origem dos seus honorários. Essa vitimização não vai intimidar a CPI”.

Na tarde desta quinta-feira (30) o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski afirmou que a advogada está liberada de prestar esclarecimentos à CPI. O ministro atendeu ao pedido da OAB, que entrou com um pedido de habeas corpus, alegando que é ilegal a quebra do direito de inviolabilidade do sigilo profissional.

Agora existe um impasse jurídico, já que, o presidente da CPI assegurou que o depoimento de Beatriz está mantido. Os parlamentares já desejavam que Preta fosse dar explicações sobre a quantia e a origem dos honorários que recebeu dos nove clientes da Lava Jato. A convocação foi aprovada por unanimidade, tendo a aprovação de partidos como o PSOL, DEM, PSDB e PT.

Ela atuou em nove dos dezoito acordos de delação, no caso do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, de sua esposa, as duas filhas e os dois genros. Do ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, e dos executivos, Augusto Mendonça e Júlio Camargo, ambos da Toyo Setal.

Na noite de quinta, logo após as declarações da criminalista, o deputado usou sua página no Facebook para divulgar a seguinte nota:

Com relação a entrevista da advogada Beatriz Catta Preta ao Jornal Nacional, temos a esclarecer o que segue:

1 – Não parece verossímil que a advogada criminalista de corruptos confessos, que desviaram bilhões de reais, se sinta intimidada de forma velada, sem citar e nem apresentar qualquer ameaça ou fato concreto que justifique suas afirmações;

2 – A convocação da advogada Beatriz Catta Preta se deu na data de 09/07/2015, antes do delator Julio Camargo mudar sua versão, o que ocorreu em 16/07/2015. O fato, em si, apresenta argumento que desmente a principal acusação da advogada: a de que a CPI estaria tentando intimidá-la por conta desta delação.

3 – Se a advogada Beatriz Catta Preta recebeu seus honorários de maneira correta, transparente, no exercício regular da advocacia, com emissão de nota fiscal e recolhimento de impostos, não haveria motivos para intimidação. Pelo contrário, deveria ser a primeira a querer esclarecer que o recurso por ela recebido, além de legal, não advém de desvios de dinheiro do povo brasileiro;

4 – A CPI da Petrobras sempre se pauta pela sua isenção, não sofre interferências, e os seus requerimentos recebem sempre a aprovação do plenário. O requerimento que convoca a advogada foi aprovado por unanimidade, foi uma decisão suprapartidária, o que demonstra que não há perseguição à advogada por parte de nenhum membro da CPI ou dos partidos aos quais fazem parte;

5 – Julgamos as declarações da advogada Beatriz Catta Preta como equivocada, distante da realidade e com tentativas de se apresentar como vítima na situação, aproveitando-se das instituições que zelam pela moralidade e aplicabilidade correta das leis brasileiras;

6 – A CPI da Petrobras tem o dever de investigar e não vai se intimidar pelos corruptos que sugaram o dinheiro público.