Hage diz que advogado inglês queria receber por denúncias

Acusação gerou bate-boca entre governistas e oposicionistas

O ex-ministro da Controladoria Geral da União (CGU) Jorge Hage disse, em depoimento à CPI da Petrobras, que o advogado inglês Jonathan Taylor, ao prestar depoimento aos membros da comissão de sindicância encarregada de investigar o pagamento de propina a funcionários da estatal, perguntou se ele iria ser pago pelas informações.

“Ele perguntou isso e foi dito a ele que a legislação brasileira não prevê pagamento por informações”, explicou Hage.

A CGU foi acusada por Taylor de deixar de investigar as denúncias feitas por ele a respeito do pagamento de propina pela empresa holandesa SBM Offshore para não atrapalhar a reeleição de Dilma Roussef. Para Hage, porém, a divulgação das suspeitas sobre pagamento de propina a funcionários da Petrobras poderia ajudar a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff.

“O senhor não acha que essa denúncia, se tornada pública, poderia atrapalhar a campanha eleitoral?”, perguntou o deputado João Gualberto (PSDB-BA). “Pelo contrário. A CGU já investigava isso desde fevereiro e o governo poderia até capitalizar a informação, mostrando eficiência de seus instrumentos de investigação. Como um processo do governo contra empresa corruptora poderia prejudicar o governo?” perguntou o ex-ministro.

O deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA), vice-presidente da CPI, se mostrou insatisfeito com o depoimento de Hage. Segundo ele, a CGU acreditou na versão da SBM, que acusa Taylor de chantagista em processo judicial na Inglaterra. “”Está dando crédito a um dirigente de uma empresa corruptora e tenta desqualificar uma pessoa que está ali tentando colaborar com as investigações”, disse.

O deputado Leo de Brito (PT-AC) disse que o depoimento de Taylor faz parte de uma estratégia política da oposição para desgastar o governo. “Querem um terceiro turno das eleições”, disse.

A confusão continuou e os deputados Valmir Prascidelli (PT-SP) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS) chegarama trocar ofensas.

Lorenzoni acusou o ex-ministro de ter ocultado o fato de o Ministério Público da Holanda ter enviado, em outubro do ano passado, informações sobre a empresa SBM Offshore, acusada de pagar propina a funcionários da Petrobras.

“A CGU, como mecanismo de controle interno, não vale nada. Vocês deram crédito à empresa corruptora em vez de dar crédito a um colaborador”, disse Lorenzoni, em referência ao fato de a SBM ter acusado o advogado Jonathan Taylor de chantagem. Foi Taylor que disse, à CPI, que a CGU não investigou devidamente as denúncias apresentadas por ele para não atrapalhar a reeleição da presidente Dima Rousseff.

“O senhor ocultou que o MP da Holanda mandou informações em outubro”, acusou Lorenzoni. “Ocultei coisa nenhuma. A CGU só abriu o processo em novembro porque só então as informações das investigações internas poderiam ser tornadas públicas e serem abertas aos acusados”, rebateu o ex-ministro.

Prascidelli protestou contra a acusação a Hage e disse a Lorenzoni que ele não resistiria a cinco minutos de investigação. “Cala a boca”, respondeu Lorenzoni. “O seu governo é que não resiste a investigação. Minha vida é limpa”. A discussão teve troca de ofensas e só terminou com a intervenção do presidente da CPI, deputado Hugo Mota (PMDB-PB). (Agência Câmara)