O presidente da Bolívia, Evo Morales, continua uma fera com o governo da Espanha, pelo comportamento absolutamente inaceitável que recebeu de Madri. Semana passada, ele foi impedido de sobrevoar o território espanhol e de reabastecer a aeronave presidencial boliviana nas ilhas Canárias. Para Morales, os espanhóis agiram com subserviência ao governo dos EUA, pois acreditavam que o espião declarado, Edward Snowden, poderia estar a bordo.
Hoje de manhã, o ministro de Assuntos Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo, manifestou sua disposição de pedir desculpas ao presidente boliviano por eventual “mal-entendido” relacionado à questão. O problema é que García-Margallo acabou por desmentir o próprio Morales, que deu detalhado depoimento de sua saga à revista alemã Der Spiegel, inclusive contra a insistência, não atendida, de o embaixador espanhol em Viena vistoriar a aeronave boliviana. O chanceler espanhol disse que seu país não fechou o espaço aéreo nem revogou a permissão de escala da aeronave “em nenhum momento” no dia 2 de julho, quando Morales foi obrigado a fazer uma escala em Viena.
Os espanhóis, que adoram a América Latina para engordar os lucros de seus bancos, gostam também de posar de conselheiros dos países da região, nas reuniões de cúpula ibero-americanas. A próxima está marcada para outubro, no Panamá. Evo Morales sente-se afrontado e não aceitará desculpas do segundo escalão espanhol. Além disso, o episódio fez aumentar o número dos que acham desnecessárias essas reuniões de cúpula ibero-americanas.