Estudo do MCTI mostra ineficácia da fosfoetanolamina

Substância também foi reprovada em testes em vitro em março de 2016

Conhecida como “pílula do câncer”, a fosfoestanolamina sintética, teve sua eficácia contestada em mais um estudo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).  Além de ter sido reprovada em testes em vitro em março deste ano, o estudo atual mostrou que a substância não apresentou atividades em células tumorais em cobaias.

O composto foi testado em dois tipos de câncer. O carcinossarcoma 256 de Walker foi analisado em ratos e o sarcoma 180, em camundongos. Ambos os grupos continham 45 animais, que receberam doses diárias da substância.

De acordo com Manoel Odorico de Moraes Filho, professor titular de Farmacologia Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará é um dos coordenadores do estudo do MCTI, ele afirma que o teste observou que a substância não ataca as células tumorais. “Fizemos o teste com tumores de crescimento rápido para verificar se tinha alguma atividade anticancerígena. O que a gente notou é que ela não mata as células tumorais”.

Apesar do resultado, Moraes Filho diz que não significa que a fosfoetanolamina sintética não tem atividade contra nenhum tipo de câncer.

O especialista também ressalta que só poderá ter a certeza da eficácia quando os testes forem realizados em humanos. “Também só poderemos dizer que não tem efeito em humanos quando fizermos testes em pacientes com tumores. Tendo ou não esse efeito (de curar o câncer), é importante que os testes prossigam, pelo clamor público que a substância causou.”

Os primeiros testes com humanos sadio deverá ser feito a partir de agosto, somente depois o teste será feito com pacientes portadores de câncer.

Em curto prazo, a substância não demonstrou ser tóxica. “O que a gente não observou foram efeitos tóxicos ao animal. Ainda estão sendo realizados experimentos para verificar se é tóxico em doses prolongadas.” Órgãos como cérebro e coração das cobaias estão sendo avaliados pelos pesquisadores.

 

Especialistas

O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Gustavo Fernandes diz que os resultados mostrado através dos testes só reforçam que os pacientes precisam continuar o tratamento convencional em vez parar para tomar a substância-

“Parece que não é tóxico e não funciona. Todo tratamento precisa ter uma comprovação clínica. Se fosse um rito normal de pesquisa, pararia por aqui. Se não funciona em cobaia, não seria levado para humanos.”

 

Pacientes

A artista plástica Elfriede Galera, de 60 anos, está com câncer de mama agressivo e em estágio terminal. Ela afirma que nunca chegou a acreditar na fórmula e que tomou a decisão de não experimentar. “Eu não tomaria e não sou contra quem quer tomar, mas já esperava por esse resultado, porque é uma substância que está há tanto tempo em discussão e não vai para frente.”

Elfriede Galera diz preferir sua esperança são os medicamentos comprovados e por isso optou pelo tratamento convencional. “Quero ter uma morte digna e, enquanto medicamentos testados estiverem disponíveis, a minha esperança são eles.”

Nas redes sociais, grupos de pacientes estão se manifestando pela liberação da lei federal que permita a distribuição e o uso da pílula.