Estatal terá de se endividar para pagar reajuste ordenado pelo TRT-DF

TRT choca Brasília legitimando uma greve abusiva de 89 dias

A decisão da Justiça do Trabalho, favorecendo os grevistas da Caesb (estatal de água e saneamento de Brasília), após 89 dias de uma paralisação com todas as características de abusividade, vai elevar  despesa com pessoal em R$771 milhões, 14,5% mais que em 2015, segundo levantamento da empresa. A Caesb vai recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Funcionário de carreira da Caesb informou ao Diário do Poder que se a empresa terá que voltar aos empréstimos bancários de curtos, os chamados papagaios, ou hot Money, para cumprir a decisão judicial, caso não tenha capital de giro suficiente.

Durante a greve não faltaram sabotagens em equipamentos públicos, violência contra colegas que queriam trabalhar e até poluição do lado Paranoá, no qual foi lançada uma grande quantidade de esgoto in natura. O movimento foi mais uma vez liderado por sindicalistas, do tipo "porraloucas", ligados a partidos radicais de esquerda.

Ao por favorecer os grevistas da Caesb, a Justiça Federal provocou um choque na empresa, que não esperava isso, até pelos estragos que provoca e o precedente perigoso que se abre.  O mesmo sindicato que liderou a greve de 2016 foi o que em 2015 invadiu o gabinete do então presidente da estatal e o manteve em cárcere privado. Em razão desse crime, a Justiça autorizou a Caesb a demitir dois sindicalisas por justa causa. Eles continuam soltos, impunes, e ainda recorrem da decisão de demiti-los.

Além de aumentos salariais acima da inflação, o Tribunal Regional do Trabalho ainda ordenou até o “abono” de um mês e meio de dias parados, além de improvável “compensação de outro mês e meio de folga remunerada.

Impacto nas contas
A despesa de pessoal, em 2015, foi da ordem de R$673 milhões. Com o reajuste, será em 2016 de R$771 milhões, crescimento de 14,5%, em doze meses. Já em 2017, essa despesa chegará a R$ 844 milhões, com mais um crescimento de 9,5%.

Sem conceder reajuste de salário além do que já está previsto em benefícios e Plano de Cargos e Salários, a Caesb fecharia 2016 com superávit de R$9,6 milhões. Com o reajuste concedido, retroativo a maio, fechará com déficit da ordem de R$ 8,1 milhões. Em 2017, esse déficit será da ordem de R$ 27,2 milhões.

A empresa tinha em janeiro de 2015 dívidas de curto prazo, com juros altos, de cerca de R$ 250 milhões. Conseguiu reduzir esse valor para algo em torno de R$ 170 milhões.

A participação das despesas de pessoal na arrecadação chegou a ser de 51%, em 2014. Com as medidas tomadas, houve uma redução para 46,7%. A previsão é de que suba este ano, com o reajuste, para 48,4%. Em 2017, esse percentual vai ser de 51,2%.

Sabotagem
No dia 1º de junho, a Caesb divulgou nota informando suspeitar de que voltou a sofrer sabotagem em seus equipamentos, no 17º dia de greve dos seus funcionários: cerca de 250 metros de tubulação de esgotos foram queimados criminosamente, com uso de estopa embebecida em gasolina, na obra que beneficia casas e prédios do programa Morar Bem, do Riacho Fundo II.

As tubulações, de 160 e 250 mm, segundo a Caesb, estavam sendo instaladas para solucionar problemas de extravasamento de esgoto na região. Foi registrada queixa na 29 ª DP, do Riacho Fundo I, e a Polícia Civil irá realizar perícia no local.