Empréstimo a Bumlai foi 'abençoado' por Lula, afirma delator

Empréstimo que levou Bumlai à cadeia foi revelado por delator

O empresário Salim Schahin, um dos donos do Grupo Schahin, afirmou em sua delação premiada que o pecuarista José Carlos Bumlai levou o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares a reunião na sede da empresa durante as tratativas para empréstimo de R$ 12 milhões, concedido em 2004, que teria como destino final os cofres do PT. Todo negócio estaria "abençoado" pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele nega.

A operação de empréstimo, um dos motivos que levaram Bumlai para a cadeia na última terça-feira (24), foi revelada pelo delator Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras. Ele relatou em outubro aos procuradores da força-tarefa que Bumlai, juntamente com o operador de propinas do PMDB Fernando Baiano, teria dirigido um contrato da estatal de R$ 1,3 bilhão – para operação do navio-sonda Vitoria 10.000 – como compensação a uma dívida de "R$ 60 milhões" do PT com a Schahin.

O empresário confirma a contratação como pagamento pelo empréstimo nunca pago feito pelo pecuarista amigo de Lula.

Alvo da Lava Jato, Salim contou o que sabia no início do mês e relatou que o então ministro José Dirceu ligou pessoalmente para ele. "Em meados de 2004, José Carlos Bumlai foi trazido ao Banco Schahin pelo então executivo do banco Sandro Tordin, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões", disse Salim em depoimento.

Schahin conta que, nesse segundo encontro, Bumlai e Delúbio informaram que como "evidência adicional", a Casa Civil procuraria um dos acionistas do Banco Schahin. "Dias depois o depoente (Salim Schahin) recebeu um telefonema de José Dirceu. A conversa tratou de amenidades não abordando a operação de Bumlai, mas a mensagem estava entendida."