Empresas investigadas fizeram doações a doze ministros, em 2014
Em 2014, só 1 de 13 ministros não teve dinheiro de empreiteira
Dinheiro de empresas envolvidas no esquema revelado pela Operação Lava Jato irrigou as campanhas de 12 dos 13 ministros nomeados pelo presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), que se candidataram a algum cargo eletivo em 2014. Os recursos foram repassados de forma legal e declarados à Justiça Eleitoral.
A exceção é Ronaldo Nogueira (Trabalho). Quando concorreu a vaga de deputado federal pelo PTB do Rio Grande do Sul, o agora ministro recebeu R$ 393 mil em doações. Na sua prestação de contas não há registro de empresas citadas na Lava Jato.
Deste grupo, o maior beneficiado é Henrique Eduardo Alves (PMDB). Na campanha para governador do Rio Grande do Norte, o então candidato declarou à Justiça Eleitoral ter recebido um total de R$ 7,8 milhões das empresas acusadas ou investigadas pelo envolvimento no esquema de desvios de recursos da Petrobrás.
Presos. Geddel Vieira Lima declarou ter recebido R$ 7,1 milhões em doações eleitorais na campanha de 2014 para o Senado pelo PMDB da Bahia. Deste valor, R$ 2,3 milhões foram repassados por empresas que tiveram seus presidentes presos na Lava Jato – as empreiteiras baianas Odebrecht (R$ 1,7 milhão) e UTC (R$ 75 mil) e o Banco BTG Pactual. Geddel não conseguiu se eleger.
Tanto os políticos quanto as empresas doadoras argumentam que as doações são legais, previstas na legislação. A Lava Jato, porém, trabalha com a hipótese de que doações declaradas de campanha tenham sido usadas como parte de pagamento de propina em troca de vantagens.
Alves e Geddel, além de Romero Jucá, são alvos de investigações na Lava Jato. O ministro do Turismo é suspeito de receber dinheiro do dono da OAS, Léo Pinheiro, em troca de favores no Legislativo e em tribunais. Em dezembro, sua casa foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal.
Ao monitorar as mensagens de Pinheiro, os investigadores da Lava Jato flagraram mensagens em que o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), menciona o pagamento de R$ 5 milhões a Temer e reclama de compromissos adiados com a “turma”, que incluiria Geddel e Alves.
Os nomes de oito ministros de Temer aparecem na chamada “superlista da Odebrecht”. A planilha com a indicação de pagamentos feitos pela empreiteira a políticos foi encontrada pela força-tarefa da Operação Lava Jato na casa do ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio, em março.
Um levantamento feito pelo Estado comparou os valores da planilha com as prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral. Em diversos casos os números da planilha eram superiores aos declarados, indicando possível caixa 2.