Donald Trump e Lava Jato ainda apresentam risco para investimentos

Principal ameaça é um exagero nas medidas protecionistas de Trump

Apesar da euforia recente com o mercado brasileiro de ações e as perspectivas de ganhos adicionais este ano, o cenário ainda apresenta riscos para os investidores. Globalmente, a principal ameaça é um exagero nas medidas protecionistas de Donald Trump que leve a aumento da inflação e, consequentemente, dos juros nos EUA. No âmbito interno, a maior fonte de preocupação é a Lava jato e a possibilidade de mais políticos serem envolvidos nas investigações, prejudicando as reformas econômicas necessárias.

"O mercado começou a assumir que Trump ia trazer, imediatamente, crescimento econômico, déficit público, consumo e inflação", ressalta o analista da Bulltick Klaus Spielkamp. Com a redução dessa expectativa, pelo menos em relação ao prazo em que isso deve ocorrer, os juros dos títulos dos EUA caíram e isso desencadeou um movimento de busca por rentabilidade. Ao mesmo tempo, a percepção de que a economia brasileira está saindo do fundo do poço ajudou o País a se diferenciar de outros emergentes.

Mas o economista do PNC Bank, William Adams, nota que o risco político não pode ser deixado de lado. Ele ressalta que o presidente Michel Temer está exposto a problemas muito semelhantes aos enfrentados pela ex-presidente Dilma. "Os reflexos das investigações da Lava Jato podem desestabilizar a política brasileira", afirmou. Preocupação semelhante vem sendo levantada pelas agências de classificação de risco, incluindo a Standard & Poor’s, que na semana passada manteve a perspectiva negativa para o rating brasileiro.

Para o diretor de equities do Santander, André Rosenblit, as delações premiadas dos executivos da Odebrecht devem envolver pessoas influentes do governo Michel Temer e podem atrasar as reformas. Mesmo assim, ele minimiza esse risco. "Há alguma segurança de que isso não vai atingir Temer nem as reformas de forma significativa." (AE)