Dólar sobe pelo quarto pregão seguido e fecha cotado a R$ 3,44

Desde a vitória de Trump, moeda acumula valorização de 8,5%

O dólar comercial à vista fechou em alta de 1,15% nesta segunda-feira, 14, ainda sob efeitos da cautela dos investidores com a vitória do empresário Donald Trump na eleição presidencial americana. A moeda encerrou os negócios a R$ 3,4444, a maior cotação desde 7 de junho deste ano e durante a sessão chegou a bater R$ 3,4697. Desde a confirmação do resultado da eleição nos Estados Unidos, a moeda americana subiu por quatro sessões seguidas e acumula alta de 8,5%.

A véspera do feriado da Proclamação da República no Brasil também influenciou a postura mais conservadora no mercado doméstico. Na mesma faixa horária, o Ibovespa tinha leve alta de 0,46%, aos 59.453,07 pontos, se recuperando após as três quedas sucessivas dos últimos pregões. A Bolsa teve um dia instável, mas se firma no terreno positivo nos últimos momentos do pregão.

Também no cenário doméstico, no mercado de renda fixa, os vencimentos futuros seguiram no ajuste para cima, indicando maior probabilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) cortar a taxa básica de juro novamente em 0,25 pontos porcentuais na reunião do dia 30 de novembro.

'Efeito Trump'. Em sua campanha à Presidência, Trump prometeu criar empregos principalmente por meio de gastos em infraestrutura, o que pode gerar inflação e obrigar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a ser mais agressivo em sua política de elevação das taxas de juros. Assim, as taxas dos títulos norte-americanos subiam, com destaque para os de 10 anos.

Juros mais altos nos Estados Unidos têm potencial para atrair recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro. O dólar também subia frente a outras moedas de países emergentes nesta sessão, como o peso mexicano.

Com a forte reação no mercado de câmbio à eleição de Trump, o Banco Central brasileiro voltou a atuar por meio de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Neste pregão, vendeu 15 mil contratos para rolar os swaps que vencem em 1º de dezembro.

No entanto, o mercado está de olho em novas atuações, como fez o BC no pregão passado, quando anunciou outros dois leilões de swaps tradicionais. Desde abril, o BC não usava esse instrumento, atuando apenas por meio de swaps reversos, que equivalem à compra futura de dólares.

O presidente do BC, Ilan Goldfajn, já afirmou que continuará atuando no mercado de câmbio, ressaltando que o estoque de swaps tradicionais é menor hoje em dia, o que dá "conforto" para a ação do BC. Disse ainda que o câmbio flutuante no Brasil é uma importante ferramenta e repetiu que o BC somente reduzirá o estoque de swaps tradicionais quando as condições de mercado permitirem. (AE)