Dólar fecha ano com alta de 48,9% e pode subir mais em 2016

No mês, a moeda norte-americana subiu 2,14% e no ano, 48,93%.

O dólar fechou o último pregão do ano em alta, numa sessão marcada pelo volume reduzido e pela briga na formação da Ptax, taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência para uma série de contratos cambiais.

O dólar avançou 1,95% ontem, a R$ 3,9601. No mês, a moeda norte-americana subiu 2,14% e no ano, 48,93%.

Grandes bancos internacionais apostam que o nível de R$ 4 para o dólar veio para ficar. Casas como o Morgan Stanley, HSBC, Barclays e Lloyds Bank dizem que qualquer alívio sobre a taxa de câmbio no Brasil será momentâneo e, assim, o dólar deve passar o novo ano na casa dos R$ 4.

Entre os demais emergentes, há elevada expectativa de que o iuane chinês sofra nova desvalorização ao longo dos próximos 12 meses.

Em meio às incertezas políticas e econômicas e com a firme aposta de que a recessão continuará em 2016, grandes bancos globais não veem espaço para a recuperação da moeda brasileira.

"Esperamos que o real continue com desempenho pior que outras divisas emergentes em 2016. A correção já ocorrida foi grande, mas o crescimento continua fraco com apenas um pequeno sinal de ajuste estrutural", dizem os analistas de câmbio do Morgan Stanley.

Para a casa, o dólar fechará o primeiro trimestre em R$ 4,20, atingirá a máxima de R$ 4,50 no terceiro trimestre e terminará o ano em R$ 4,45.

O britânico Barclays também parece bem pessimista e cita até a chance de monetização da dívida pública – situação em que o dinheiro novo é emitido para pagar compromissos do governo.

"Os prêmios de risco estão prontos para subir mais diante da incerteza política e novas preocupações fiscais. Esperamos que o mercado precifique uma elevada probabilidade de monetização conforme o crescimento continue colapsado e o governo falhe em cortar gastos com a ausência de coesão política", diz o Barclays em análise sobre 2016. Por isso, a casa prevê dólar a R$ 4,20 no fim do primeiro trimestre e a R$ 4,50 no fim de dezembro.

Os analistas do Lloyds Bank são um pouco menos pessimistas. Eles reconhecem que as contas externas começam a reagir à alta do dólar, mas o movimento é insuficiente para virar o jogo.

Por isso, o banco nota que as incertezas políticas, a possibilidade de uma política fiscal mais frouxa e os respingos da alta do juro nos Estados Unidos manterão o real enfraquecido.

"A depreciação adicional do real é necessária para restaurar a competitividade externa." O Lloyds prevê câmbio acima de R$ 4 em todo o ano, mas com taxa máxima mais comedida, em R$ 4,15, no segundo e terceiro trimestres.

O HSBC também tem cenário um pouco mais ameno e acredita que o dólar deve girar entre R$ 4,10 no primeiro trimestre e R$ 4,20 no decorrer do segundo semestre.

Entre os emergentes, outra moeda que chama atenção é o iuane chinês. Após a inesperada depreciação anunciada por Pequim durante 2015, analistas acreditam que um novo movimento de desvalorização controlada deverá acontecer nos próximos meses diante da desaceleração da segunda maior economia do mundo.