Dilma afirma que vai "apelar de todas as maneiras legais contra impeachment"

Para ela, impedimento pode causar "cicatrizes duradouras"

Em entrevista a seis jornais estrangeiros nesta quinta-feira, 24, a presidente Dilma Rousseff reafirmou que não renunciará ao cargo e insistiu que não há justificativa para o processo de impeachment, ao dizer que seu afastamento seria um golpe.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, a presidente disse ainda que retirá-la do cargo pode gerar “cicatrizes duradouras” para a democracia brasileira. Segundo o The New York Times, a petista disse que “dorme bem à noite” e que o esforço da oposição para a remover do Planalto “carece de bases legais”.

“Não estou comparando o golpe aqui com os golpes militares do passado, mas isso [impeachment] seria uma ruptura da ordem democrática do Brasil”, afirmou a presidente, segundo o jornal “The Guardian”.

"Por que querem minha renúncia? Por que sou uma mulher fraca? Não sou", respondeu Dilma, segundo relato do jornal britânico. Ela frisou que aqueles que pedem sua renúncia querem, na verdade, evitar a dificuldade em remover "ilegalmente" do poder um presidente eleito legitimamente.

A reportagem do jornal americano descreve que Dilma adotou um tom “desafiador” na conversa, que durou mais de uma hora, em seu escritório no Palácio do Planalto. “Nós apelaremos a todos os meios legais disponíveis”, afirmou a presidente, ao ser perguntada sobre se aceitaria uma derrota no Congresso Nacional sobre o impeachment. Segundo o relato do Times, Dilma negou que tenha recebido financiamento ilegal em sua campanha.

Na entrevista, destacou que o pedido de afastamento tem sido conduzido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), envolvido em escândalos de propina e lavagem de dinheiro.

Ao ser questionada pelos jornalistas sobre a nomeação do ex-presidente Lula para ser ministro da Casa Civil, a presidente afirmou que o petista é seu “parceiro”. “Lula não é apenas um negociador talentoso, mas entende também todos os problemas do Brasil”, disse.

Ela também afirmou que Lula, investigado na Lava Jato, não escapou da Justiça. “Um ministro não está imune a investigação, ele enfrenta a investigação do Supremo […] O Supremo não é bom o suficiente para investigar Lula?", indagou a presidente.

Dilma ainda teria afirmado que a paz reinará no Brasil durante a realização da Olimpíada no Rio.