Delcídio pretende "reescrever" sua história sem mágoas, nem delação

Ele nega que pretenda fazer acordo de delação na Lava Jato

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) disse a amigos, neste fim de semana, que pretende “reescrever” sua história “sem revanchismo”, por isso não pretende celebrar acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Ele retorna ao Senado nesta segunda-feira (22) depois de ter sido solto, sexta (19), por ordem do ministro Teori Zavascki, relator do processo no Supremo Tribunal Federal.

Delcídio exercia as funções de líder do governo Dilma no Senado até se preso, em 25 de novembro, sob acusação de tentar obstruir as investigações da Lava Jato. O senador nunca fez parte do núcleo do poder petista, desde o governo Lula, por sua atuação como presidente da CPI dos Correios, que investigou o mensalão. Sua escolha para o cargo de Líder do Governo ocorreu praticamente por exclusão, dada a dificuldade de encontrar quem aceitasse o encargo de lidar com a presidente Dilma Rousseff. Após assumir o posto, aí sim, passou a frequentar a intimidade do Palácio do Planalto e mantinha reuniões periódicas, às vezes semanais, com o ex-presidente Lula em São Paulo.

Sua prioridade agora, segundo afirmou a amigos, é a defesa do mandato, no Conselho de Ética do Senado, e das acusações que pesam contra ele na Justiça. Se o seu mandato for cassado, como é provável que aconteça, Delcídio perderá o foro privilegiado e ficará à mercê do julgamento do juiz Sergio Moro, que coordena a Lava Jato.

O PT deverá pressionar Delcídio a renunciar à presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), sob o argumento de que ele deve se concentrar na salvação de seu mandato e no processo penal que enfrenta. Mas o partido, que sempre o considerou o mais tucano dos petistas, não deverá manter em relação a Delcídio a mesma atitude solidária ou cúmplice em relação aos demais filiados presos ou processados na Lava Jato: sua expulsão é considerada certa.