Delatores: cartel de empreiteiras fraudava licitações e pagava propinas

Tudo começou em 2006 no governo Lula: Odebrecht, OAS, Camargo...

O esquema de corrupção na Petrobras, pilotado pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e implantado no governo Lula, em 2006, incluiu a formação de cartel das empresas fornecedoras, para combinar preços e ratear as licitações. A revelação é do megadoleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. Eles citaram mais de uma dezena de empreiteiras do esquema, entre elas Odebrecht, Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior e Andrade Gutierrez.

As empresas escolhiam os ganhadores das licitações tão logo as obras eram definidas, e isso era submetido a Costa. Ambos confirmaram que as empresas já sabiam que pagariam propina. Segundo Youssef, “se ela [empresa] não pagasse, tinha ingerência política do próprio diretor e ela não fazia a obra”, disse, referindo-se a Paulo Roberto Costa.

O doleiro confirmou o pagamento de propina aos partidos, entre 1% e 3%. “Toda empresa de porte maior já sabia que qualquer obra que fosse fazer na área de Abastecimento da Petrobras tinha que pagar o pedágio de 1%. E 1% também para a área de Serviços e Engenharia”. E que isso era “bem colocado sim, muito bem colocado” para as emresas, ao responder pergunta do juiz Sergio Moro.

Youssef disse que em geral havia uma negociação para que o valor dos contratos chegasse bem próximo ao teto previsto nas regras da Petrobras. O esquema também envolvia aditivos aos contratos, que podiam levar ao pagamento de propinas maiores, em valores correspondentes a percentuais de 2% a 5% dos negócios.

Em seu depoimento, Costa disse que tentou acabar com o cartel das empreiteiras, mas que não conseguiu devido ao pequeno número de construtoras com capacidade para realizar as obras de grande porte contratadas pela Petrobras. “Eu tentei, mas me disseram que eu ia quebrar a cara”, afirmou.  O ex-diretor da Petrobras disse acreditar que várias obras no Brasil, como hidrelétricas no Norte do País e usina de Angra 3, tenham sido alvo da cartelização das empreiteiras.

Segundo ele, em todo o tempo em que esteve no comando da diretoria de Abastecimento, nenhuma empreiteira jamais deixou de pagar a propina. “Houve alguns atrasos, mas deixar de pagar, nunca deixaram”. E que as empreiteiras pagavam a propina não só pelo receio de não trabalhar mais para a Petrobras, mas também pelo medo de sofrer retaliação em licitações do governo federal, como ministérios e secretarias.

Youssef disse que Odebrechet, Sanko Sider e Toyo Setal, todas contratadas da Petrobras, fizeram pagamentos de propina no exterior.