Coreia do Norte realiza maior teste nuclear e desperta críticas de governos

Segundo estimativas, explosão foi mais poderosa que bomba de Hiroshima

A Coreia do Norte realizou seu quinto e maior teste nuclear nesta sexta-feira, 9, e afirmou ter dominado a habilidade de montar uma ogiva em um míssil balístico, aumentando uma ameaça que seus rivais e a ONU foram incapazes de conter.

A explosão, na comemoração dos 68 anos da fundação da Coreia do Norte, foi mais poderosa que a bomba detonada em Hiroshima, de acordo com estimativas, e provocou condenações dos EUA, assim como da China, principal aliada de Pyongyang.

Sob o comando do ditador Kim Jong-un, de 32 anos, a Coreia do Norte acelerou o desenvolvimento de seu programa nuclear e de mísseis apesar de sanções da ONU, que foram endurecidas em março e isolaram ainda mais o país.

A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, que estava no Laos após uma cúpula de líderes asiáticos, disse que o líder norte-coreano está mostrando um "atrevimento maníaco" ao ignorar completamente o pedido do mundo para abandonar a busca por armamentos nucleares.

O presidente dos EUA, Barack Obama, voltando do Laos para casa a bordo do avião presidencial Air Force One, disse que o teste irá acarretar "consequências sérias" e conversou com Park e com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, informou a Casa Branca.

A China disse ser terminantemente contrária ao teste e exortou Pyongyang a parar de adotar quaisquer ações que agravem a situação, dizendo que irá apresentar um protesto à embaixada norte-coreana em Pequim.

A Coreia do Norte, que classifica os sul-coreanos e os americanos como seus inimigos principais, disse que seus "cientistas e técnicos realizaram um teste de explosão nuclear para julgar o poder de uma ogiva nuclear", de acordo com a agência de notícias KCNA.

O regime disse que o teste provou que a Coreia do Norte é capaz de montar uma ogiva nuclear em um míssil balístico de alcance médio, testado pela última vez na segunda-feira, quando Obama e outros líderes mundiais estavam reunidos na China para a cúpula do G20. Nunca foi possível verificar de maneira independente as afirmações de Pyongyang sobre sua capacidade de miniaturizar uma ogiva nuclear.

Seus testes contínuos, que desafiam as sanções impostas ao país, representam um desafio para Obama nos últimos meses de seu mandato e poderiam influenciar a eleição presidencial americana em novembro, além de se tornar uma dor de cabeça a ser herdada por quem o suceder.

"As sanções já foram impostas em quase tudo que é possível, então a política está em um impasse", disse Tadashi Kimiya, professor da Universidade de Tóquio especializado em temas coreanos. "Na realidade, os meios pelos quais EUA, Coreia do Sul e Japão podem pressionar a Coreia do Norte chegaram ao limite", afirmou.

A Coreia do Norte vem testando tipos diferentes de mísseis em um ritmo inédito neste ano, e a capacidade de montar uma ogiva nuclear em um míssil é especialmente preocupante para seus vizinhos sul-coreanos e japoneses. "A padronização da ogiva nuclear irá permitir que a República Popular Democrática da Coreia produza uma variedade de ogivas nucleares menores, mais leves e diversificadas e de maior poder de impacto à vontade e tantas quantas quiser", disse a KCNA.

Não ficou claro se Pyongyang notificou Pequim ou Moscou sobre seu plano de teste nuclear. (AE)