Calote da Sete Brasil, do banco BTG, deixa o mercado apreensivo

Estão vencidas dívidas de R$ 11 bi da Sete Brasil, do banco BTG

Um único empréstimo concedido em conjunto pelos grandes bancos poderá de uma tacada só piorar a situação de provisão para calotes de algumas instituições. A Sete Brasil, empresa criada pelo banco BTG Pactual para gerenciar a compra de 29 sondas para o pré-sal da Petrobrás, deve US$ 3,6 bilhões (quase R$ 11 bilhões) em empréstimos já vencidos.

Enrolada na Operação Lava Jato, a empresa passa por sérias dificuldades financeiras e tem até o fim de junho para resolver sua situação. Além de dever aos bancos, a empresa também tem dívidas vencidas de R$ 2,2 bilhões com o FI-FGTS e outros R$ 3 bilhões com estaleiros. O BTG, do banqueiro André Esteves, contratou para dirigir a Sete Brasil o ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, réu na Lava Jato que devolveu US$ 100 milhões roubados da estatal. arusco já não preside a empresa.

Os bancos usam do argumento do "sigilo bancário" para não informar o quanto estão expostos à Sete e quanto provisionaram ou não em relação ao empréstimo. A informação disponível é a de que os bancos financiadores são: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander e Standard Chartered. Destes, o único que até agora reconheceu o calote publicamente foi o Standard Chartered, ao executar uma garantia dada pelo Fundo Garantidor da Construção Naval (FGCN) para parte deste empréstimo.

Os outros bancos têm 90 dias, contados a partir do primeiro atraso no pagamento, para oficializar o pedido de execução com o FGCN, caso contrário perdem o direito aos recursos do fundo. Cerca de 40% do total financiado foi garantido pelo FGCN.

Segundo algumas fontes, os bancos públicos estão mais expostos à empresa. Mas não há confirmação do total emprestado por cada uma das instituições. Os bancos privados também tem valores significativos emprestados à Sete. Cada um deles, Bradesco, Itaú e Santander, teriam pelo menos R$ 1 bilhão de exposição, segundo algumas fontes.

O problema da Sete se soma à exposição dos bancos ao ramo da construção envolvida na Lava Jato e também ao risco mais elevado no varejo. Segundo estudo da agência Moody's, alguns bancos não suportariam o aumento de provisões e relatariam prejuízos, caso do Citibank e HSBC, além dos bancos BNDES e Caixa Econômica. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo).